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Fortaleza anuncia investimento de R$ 10 milhões em políticas de prevenção e combate às drogas
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Fortaleza anuncia investimento de R$ 10 milhões em políticas de prevenção e combate às drogas

Programa municipal inclui centros de acolhimento, bolsas de incentivo e ações para cuidado e reinserção de pessoas em situação de vulnerabilidade
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ESTÃO previstas 500 bolsas de R$ 500 para jovens de territórios vulneráveis (Foto: Samuel Setubal)
Foto: Samuel Setubal ESTÃO previstas 500 bolsas de R$ 500 para jovens de territórios vulneráveis

A Prefeitura de Fortaleza anunciou, na manhã desta quinta-feira, 23, no Paço Municipal, um pacote de investimentos de R$ 10,62 milhões voltado à criação da nova Política Municipal de Prevenção à Violência e Drogas. O programa inclui o fornecimento de bolsas, a construção de equipamentos sociais e o desenvolvimento de pesquisas voltadas à formulação de políticas públicas.

Durante o evento, foram apresentados os três pilares centrais que estruturam as políticas municipais, são elas: Cuidado, Prevenção e Inteligência. O prefeito Evandro Leitão (PT) destacou a importância da integração entre os investimentos e as parcerias.

“O projeto do qual faço parte acredita que não se combate o crime com violência e não se tira a população de rua com violência. O nosso projeto acolhe, cuida e implanta políticas públicas capazes de abraçar e incluir essas pessoas”, afirmou o prefeito.

O secretário de Políticas sobre Drogas de Fortaleza, Tércio Nunes, explicou que o valor anunciado é inicial e deve crescer. “Há expectativa de uma nova captação de recursos, o que pode elevar o investimento total em mais R$ 20 milhões”, disse.

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Centro de acolhimento serão criados até março

O primeiro pilar prevê o lançamento de três equipamentos denominados “Casa Fortaleza”, centros de acolhimento social e acesso a direitos voltados a pessoas que fazem uso problemático de substâncias. Os espaços oferecerão atendimento multidisciplinar com profissionais de psicologia, serviço social, arte, cultura, esporte, lazer, orientação jurídica e capacitação profissional.

As Casas Fortaleza seguirão os moldes dos Centros de Acesso a Direitos e Inclusão Social (Cais), em parceria com a Secretaria Nacional de Políticas sobre Drogas e Gestão de Ativos (Senad). A execução será feita em cooperação com a Universidade Federal do Ceará (UFC), com investimento federal de R$ 6 milhões.

De acordo com a Prefeitura, o primeiro equipamento será instalado no bairro Bom Jardim, com entrega prevista para janeiro. As outras unidades serão abertas na Messejana (fevereiro) e na Praia de Iracema (março de 2026).

A vice-reitora da UFC, Diana Azevedo, celebrou o acordo de cooperação técnica com o Município.

“Um pacto que reconhece que a questão das drogas não é apenas um problema individual. É um fenômeno social, multifatorial e coletivo, que exige empatia, conhecimento e ação integrada”, destacou.

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Prevenção e oportunidades para jovens

O segundo pilar foca na prevenção, priorizando uma juventude protegida e com oportunidades. Serão oferecidas 500 bolsas de R$ 500 para jovens de territórios vulneráveis, por meio do programa Pronasci Juventude, voltado à prevenção da violência e da criminalidade entre adolescentes expostos a contextos de vulnerabilidade e ao mercado ilegal de drogas.

Com investimento anual de R$ 3 milhões, o programa será executado pela Senad, do Ministério da Justiça, em parceria com o Instituto Federal do Ceará (IFCE). Os jovens contemplados terão acesso à formação, suporte social, acompanhamento psicológico e qualificação profissional.

Ao todo, os recursos repassados pelo Governo Federal a Fortaleza somam R$ 15,2 milhões. A secretária nacional da Senad, Marta Machado, ressaltou a relevância da adesão da capital cearense à nova política.

“É uma iniciativa que acolhe e oferece acesso a direitos. Cuida das pessoas que usam substâncias e também protege crianças e jovens para que não se envolvam com violência ou criminalidade”, afirmou.

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Inteligência e pesquisa científica

O terceiro pilar, denominado “Inteligência”, busca fundamentar as ações da política pública em dados científicos. O eixo será desenvolvido em parceria com instituições de ensino e pesquisa, com a criação do Observatório de Prevenção à Violência e às Drogas, que contará com a UFC e a Universidade de Fortaleza (Unifor) como parceiras.

Com investimento de R$ 1 milhão via Senad, estão sendo conduzidas duas pesquisas de perfil epidemiológico para diagnosticar a realidade do uso de substâncias em Fortaleza e orientar futuras ações públicas.

Museu da Fotografia entra como parceiro na reinserção social

Entre os parceiros estratégicos do programa, ao lado de IFCE, UFC e Unifor, está o Museu da Fotografia de Fortaleza, que atuará na capacitação e no acesso à cultura. O investimento anual será de R$ 120 mil.

O espaço ofertará cursos de formação e atividades culturais voltados aos usuários da Rede de Atenção Psicossocial (Raps), promovendo o redesenho de histórias e o fortalecimento da autonomia para a inserção social.

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“Essas políticas oferecem uma saída real”, diz ex-usuário

As medidas foram elogiadas por John Henrique, 35, que está longe das drogas há um ano e nove meses e é membro do Narcóticos Anônimos (NA).

“Muitas vezes, quem chega até nós não tem onde tomar um banho, nem alguém que diga: ‘Olha, existe um lugar onde você pode se recuperar’. Eu sou fruto disso. Cheguei a um grau extremo nas ruas, e alguém me falou sobre o Narcóticos Anônimos”, relembra.

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Durante o evento, a gestão também anunciou o envio de uma mensagem à Câmara Municipal para alterar a estrutura da Coordenadoria Especial de Políticas sobre Drogas, que passará a se chamar Coordenadoria Especial de Prevenção à Violência e sobre Drogas.

“É uma mudança estratégica de como a gente debate e constrói a política sobre drogas em Fortaleza, com foco na prevenção”, explicou o secretário Tércio Nunes. (Colaborou Kleber Carvalho)

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