A Conferência da Cidade do Plano Diretor Participativo e Sustentável (PDPS) de Fortaleza foi encerrada ontem, no Centro de Eventos do Ceará.
O evento marca a última etapa de discussão e votação das propostas para o Plano Diretor antes que o texto final seja encaminhado à Câmara Municipal.
A Conferência, que se estendeu por três dias, reuniu 596 delegados para debater o futuro planejamento urbano da capital.
A reportagem do O POVO não pôde acompanhar a íntegra das discussões, sendo liberada por um intervalo de 10 minutos para fazer registros audiovisuais.
No encerramento do último dia de plenária, os destaques dos Grupos de Trabalho (GTs) foram apresentados e votados. Um dos pontos de maior celebração para os movimentos sociais foi a expansão significativa das Zonas Especiais de Interesse Social (ZEIS).
Doris Soares, do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST-CE), destacou que "foi criada novas ZEIS, que é de reparação de conjuntos, ampliando as Zonas para um total de 87. Teve avanço no sentido de garantir territórios que sejam para proteção ambiental, para construção de moradia popular, para (construção) de equipamento público", explicou.
O ativita considerou que, para o campo popular, essa pode ser considera a maior vitória após anos de reivindicações.
Apesar dos avanços citados, o encerramento da Conferência foi marcado por tensões.
Durante o instante em que se pode acompanhar a Plenária, a reportagem do O POVO registrou a fala da professora Caroline Magalhães. Ela participou como delegada do Grupo de Trabalho de Governança (GT 05).
A delegada, que é profesora do curso de Serviço Social da Universidade Estadual do Ceará (Uece), criticou a Prefeitura por, supostamente, "tentar barrar a participação popular efetiva no planejamento da cidade".
"Todas as nossas propostas que visavam estimular a participação triparte do povo nas instâncias de deliberação, de fiscalização, de controle social foram vetadas por essa gestão", denunciou.
Caroline Magalhães relatou, ainda, um clima de pressão contra servidores públicos. "Sentimos que está acontecendo um assédio moral. O voto de cabresto no Brasil foi crime, não pode ser utilizado pelo poder econômico para desmoralizar, ameaçar, intimidar os trabalhadores da prefeitura", disse ao microfone.
A tensão foi corroborada por Doris Soares (MTST-CE), que apontou a estratégia da administração em coibir o controle social. Ele também expressou preocupação sobre o futuro do texto na Câmara, onde há um alinhamento da Prefeitura com sua base aliada e um "lobby do capital imobiliário".
Leia mais na coluna Carlos Mazza, página 2, Farol. "Conferência aprova proteção integral para Floresta do Aeroporto, incluindo área desmatada".