Durante agenda paralela a COP30, em Belém, o Serviço Social da Indústria (Sesi) Ceará lançou, junto com o Sesi Nacional, o Sesi Mato Grosso do Sul e a Sanofi, a Calculadora de Descarbonização da Saúde. O anúncio foi realizado durante o painel “Linha de Cuidado Figital”, na Federação das Indústrias do Estado do Pará (Fiepa).
A ferramenta compara diferentes modelos de atendimento e exames, medindo o impacto ambiental em CO₂ equivalente e orientando o usuário para práticas assistenciais de menor emissão.
A solução foi ativada de forma assistida durante o evento e chamou atenção por analisar trajetos, métodos de coleta, deslocamentos e infraestrutura utilizada, indicando alternativas mais sustentáveis e alinhadas ao Sistema Único de Saúde (SUS).
Cláudio Patrício, médico do Sesi Ceará, destacou, ainda, como o cálculo da pegada de carbono pode orientar escolhas mais eficientes entre métodos tradicionais de atendimento e alternativas baseadas em tecnologia, como consultas a distância e exames realizados por point of care.
“A E-Carbon Health funciona em duas etapas. Primeiro, um screening de saúde que identifica o perfil de risco e oferece recomendações focadas em cuidado coordenado e atenção primária; depois, o cálculo da pegada de carbono, que pode ser feito a partir de duas jornadas, a individual ou a coletiva, em nível populacional”, detalha o especialista cearense.
Para Emmanuel Lacerda, superintendente de Saúde da Indústria, a relação entre clima e saúde é direta, além de crescente. Ele lembrou que a maior parte dos eventos extremos no Brasil é de origem climatológica ou hidrológica, ampliando a ocorrência de doenças respiratórias, arboviroses, internações e emergências. Lacerda destacou ainda que, se as metas do Acordo de Paris fossem cumpridas, cerca de 1 milhão de vidas por ano poderiam ser preservadas até 2050.
A calculadora combina tecnologia e educação ambiental em saúde. Baseadas em questionários específicos, as calculadoras avaliam sintomas, fatores de risco e situação vacinal para diferentes condições, como influenza. Ao final, indicam se o usuário deve buscar atendimento, mostram os serviços mais próximos e calculam a pegada de carbono dos meios de transporte disponíveis.
O objetivo central é reduzir deslocamentos desnecessários, reorganizar fluxos de atendimento e apoiar decisões clínicas e pessoais com base em sustentabilidade.
Durante o lançamento, Lacerda lembrou que o setor de saúde está entre os cinco maiores emissores globais, reforçando a urgência de soluções que diminuam o impacto ambiental sem comprometer a qualidade assistencial.
“Nesse contexto, ferramentas digitais ganham protagonismo como aliadas na reorganização dos fluxos de cuidado e na ampliação da prevenção”, afirmou Lacerda.
Cláudio Patrus, médico do trabalho do Sesi Nacional, ressaltou que a digitalização fortalece a atenção primária e a inteligência epidemiológica. Segundo ele, “a abordagem digital, que integra tecnologias e atendimento presencial, permitirá ampliar o acesso e tornar o sistema mais resiliente diante dos novos desafios climáticos”.
O painel também contou com a participação da professora Maria do Socorro, da Universidade Federal do Pará (UFPA); de Paulo Mol, diretor-superintendente do Sesi; de Thiago Taho, gerente de Inovação do Sesi; de Cleverson Chaves dos Reis; e do diretor-geral de Vacinas da Sanofi.