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Ceará tem a 5ª maior taxa de negros mortos por arma de fogo no País
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Ceará tem a 5ª maior taxa de negros mortos por arma de fogo no País

Estudo divulgado nesta quinta-feira, 20, pelo Instituto Sou da Paz, revela que os estados com as maiores taxas de homicídios por agressão armada também são aqueles que registram os mais altos níveis de desigualdade racial entre as vítimas
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Ceará registrou 65,58 mortes de homens negros por grupo de 100 mil habitantes, em 2023; era a 8ª taxa de mortes em 2022 (Foto: EGBERTO RAS/ESTADÃO CONTEÚDO)
Foto: EGBERTO RAS/ESTADÃO CONTEÚDO Ceará registrou 65,58 mortes de homens negros por grupo de 100 mil habitantes, em 2023; era a 8ª taxa de mortes em 2022

O Ceará registrou a 5ª maior taxa de homicídios contra homens negros vítimas de arma de fogo no País. O cenário foi apontado no quarto estudo sobre “Violência Armada e Racismo: o papel da arma de fogo na desigualdade racial”, do Instituto Sou da Paz, divulgado nesta quinta-feira, 20, Dia da Consciência Negra.

O Estado registrou 65,58 mortes de homens negros por grupo de 100 mil habitantes, em 2023, saltando da oitava maior taxa em 2022 para a quinta no ano seguinte. Já o estado que possui a maior taxa nesse recorte é o Amapá, com 135,05 casos. Logo atrás vem Bahia (85,27), Pernambuco (78,07) e, em seguida, Alagoas (77,34).

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Para chegar aos resultados revelados sobre a violência armada e racismo, o estudo foi realizado a partir da análise de dados do Ministério da Saúde, referentes ao período entre 2012 e 2023, sobre registros de mortes por agressão somados aos de mortes por intervenção legal com uso de arma de fogo.

No período de 11 anos, foram registrados 655 mil homicídios com uso de arma de fogo no Brasil. Do total de brasileiros mortos, 91,9% eram homens e 7,9%, mulheres. Em 2023 foram registrados 32,7 mil vítimas, sendo 94% desse total homens.

De acordo com o estudo, a arma de fogo é o principal instrumento de agressão em todos os Estados, principalmente nas regiões Norte e Nordeste, tendo a maior participação do uso dela na prática de homicídios.

Além disso, os dados revelam que, no País, a taxa de homicídios de homens negros é três vezes superior à de homens não negros. No Ceará, a taxa de homicídios de homens negros é 3,7 vezes maior do que a de homens não negros.

Isso revela, ainda segundo o estudo, que os estados com as maiores taxas de homicídios por agressão armada também apresentam os maiores níveis de desigualdade racial entre as vítimas em 2023. No Amapá, a taxa de homicídios de homens negros é 12 vezes superior à de homens não negros.

Na Bahia, essa diferença chega a três vezes, e em Pernambuco, foram duas vezes superior. Já Alagoas apresenta a maior disparidade, com taxa 13 vezes maior, enquanto no Ceará a taxa para homens negros é cerca de três vezes superior. A pesquisa aponta que os resultados revelam um padrão observado ao longo da série.

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O estudo aponta que os estados que mais mataram homens negros com uso de arma de fogo em 2023 foram: Amapá, Bahia, Pernambuco, Alagoas, Ceará e Sergipe. Por outro lado, os estados com menos vítimas negras foram: Mato Grosso do Sul, Rio Grande do Sul, Minas Gerais, Distrito Federal, Santa Catarina e São Paulo.

Além disso, o estudo mostra que permanece o padrão observado nas análises anteriores, com a vitimização majoritária de homens negros, jovens e adultos (até 39 anos) que, na maioria das vezes, sofrem a agressão armada cometida por pessoas desconhecidas no espaço público.

Confira as taxas de homicídios por arma de fogo no País

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Fortaleza tem 10 vezes mais homicídios de homens negros do que não negros

Um dos destaques locais referentes ao estudo é que Fortaleza registra 10 vezes mais homicídios de homens negros do que não negros. Enquanto, homens não negros apresentam a taxa de 7,9 por 100 mil habitantes, o de homens negros é de 79,2.

No balanço de capitais com maior desigualdade racial na taxa de morte de negros em comparação à de não negros, Fortaleza aparece em terceira posição. Maceió, capital alagoana, lidera com 13,9 vezes, seguida de Macapá (AP), com 13,5 vezes, Fortaleza, com 10,1 vezes, e, em quarto lugar, a região de Aracaju (SE), com 7,3 vezes.

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De acordo com o Instituto Sou da Paz, entre 2000 e 2023 o Brasil perdeu 1,2 milhão de vidas para a violência. Em média, 71% desses homicídios foram cometidos com armas de fogo.

Ainda segundo a entidade, apesar do número total de assassinatos ter diminuído nos últimos anos, dois cenários persistem: a vitimização da população negra, em especial jovem e masculina, e o uso de armas de fogo como principal instrumento dessas mortes.

Como caminhos para mudar essa situação, o Sou da Paz afirma que o fortalecimento da política de controle de armas, articulando especialmente governos estaduais e o federal, é um requisito para que as políticas de segurança sejam bem-sucedidas.

Segundo a análise da entidade, as soluções para enfrentamento da violência no País passam por ações nas áreas da segurança, justiça, educação, urbanismo, desenvolvimento econômico e social, entre outras.

“Precisam contar com forte comprometimento político das lideranças estaduais para garantir a implementação de programas, projetos e ações orientados por diagnósticos das diversas realidades territoriais brasileiras, e sustentada por um planejamento estruturado em ações de curto, médio e longo prazos”, apontou a entidade.

O Instituto destaca que ainda há um longo caminho a percorrer no combate às desigualdades que tornam jovens negros e moradores de periferias mais expostos à morte violenta. No entanto, aponta alternativas para mudança, como a maior prioridade nos orçamentos públicos, vontade política e participação social.

  

Ranking

A capital cearense fica atrás, apenas, de Maceió (AL) e de Macapá (AP), no balanço de capitais com maior desigualdade racial na taxa de morte de negros em comparação à de não negros

Fortaleza tem 10 vezes mais homicídios de homens negros do que não negros

Um dos destaques locais referentes ao estudo é que Fortaleza registra 10 vezes mais homicídios de homens negros do que não negros. Enquanto, homens não negros apresentam a taxa de 7,9 por 100 mil habitantes, o de homens negros é de 79,2.

No balanço de capitais com maior desigualdade racial na taxa de morte de negros em comparação à de não negros, Fortaleza aparece em terceira posição. Maceió, capital alagoana, lidera com 13,9 vezes, seguida de Macapá (AP), com 13,5 vezes, Fortaleza, com 10,1 vezes, e, em quarto lugar, a região de Aracaju (SE), com 7,3 vezes.

De acordo com o Instituto Sou da Paz, entre 2000 e 2023 o Brasil perdeu 1,2 milhão de vidas para a violência. Em média, 71% desses homicídios foram cometidos com armas de fogo.

Ainda segundo a entidade, apesar do número total de assassinatos ter diminuído nos últimos anos, dois cenários persistem: a vitimização da população negra, em especial jovem e masculina, e o uso de armas de fogo como principal instrumento dessas mortes.

Como caminhos para mudar essa situação, o Sou da Paz afirma que o fortalecimento da política de controle de armas, articulando especialmente governos estaduais e o federal, é um requisito para que as políticas de segurança sejam bem-sucedidas.

Segundo a análise da entidade, as soluções para enfrentamento da violência no País passam por ações nas áreas da segurança, justiça, educação, urbanismo, desenvolvimento econômico e social, entre outras.

"Precisam contar com forte comprometimento político das lideranças estaduais para garantir a implementação de programas, projetos e ações orientados por diagnósticos das diversas realidades territoriais brasileiras, e sustentada por um planejamento estruturado em ações de curto, médio e longo prazos", apontou a entidade.

O Instituto destaca que ainda há um longo caminho a percorrer no combate às desigualdades que tornam jovens negros e moradores de periferias mais expostos à morte violenta. No entanto, aponta alternativas para mudança, como a maior prioridade nos orçamentos públicos, vontade política e participação social.

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