O gerenciamento do Hospital Universitário do Ceará (HUC) por uma empresa particular — o Instituto de Saúde e Gestão Hospitalar (ISGH) — em vez da Secretaria da Saúde do Ceará (Sesa), tem gerado insatisfação entre a maioria dos servidores do Hospital Geral Doutor César Cals (HGCC), realocados após o incêndio ocorrido na unidade no dia 13 de novembro.
O principal pedido é a transferência para unidades administradas diretamente pelo Estado, preferencialmente próximas às residências dos funcionários.
Diante disso, 13 trabalhadores — entre enfermeiros, técnicos de enfermagem e membros administrativos — foram reivindicar cumprimento de direitos, como carga horária adequada, além de apontar falta de assistência durante reunião com o setor pessoal na manhã desta terça-feira, 25, na sede da Sesa, localizada no bairro Praia de Iracema, em Fortaleza.
O POVO ouviu Cristiane Alves da Silva, 52, técnica de enfermagem na Central de Material e Esterilização (CME) do HGCC há 18 anos, que relatou as preocupações dos colegas.
"Nós não temos a certeza que nossos direitos vão ser respeitados lá e que a gente não possa ser mudado de estatutário para CLT", se queixa.
Mesmo assim, há casos de pessoas que não estão incomodadas com o novo local de trabalho. Apesar do impasse, pacientes não devem ser afetados nesse ínterim.
"A demanda de lá é muito grande, maior do que o da gente", confessa. Segundo Cristiane, após reunião, foram ofertadas opções de encaixe em outros lugares sem data ainda para transferência concreta.
"Ninguém está contra o Hospital (HUC). O Hospital é maravilhoso, bem equipado, de grande porte, material de primeira, mas a gente mudou totalmente a rotina de cabeça para baixo", ressalta.
Em nota enviada ao O POVO, a Secretaria afirma seguir compromisso com diálogo permanente, transparência e garantia de direitos dos servidores.
Ressalta ainda que, nas unidades estaduais geridas por Organização Social (OS), como é o caso do HUC, os processos assistenciais respondem as diretrizes estratégicas da política pública de saúde.
"O modelo de gestão por OS não altera direitos nem provoca fragilização das relações de trabalho dos servidores públicos estaduais. Todos os direitos das trabalhadoras e dos trabalhadores do HGCC estão garantidos", garante.
Segundo o médico infectologista Alexandre Lino, superintendente da Região de Saúde de Fortaleza da Sesa, não haverá realocações compulsórias de servidores. Ele afirma que todas as mudanças estão sendo conduzidas por meio de diálogo direto com os profissionais do HGCC.
“Essa foi uma das preocupações tanto da Sesa quanto do governador. Estamos seguindo as orientações do governador, que nos pediu para acolher todos os trabalhadores, respeitando sua escala [carga horária] e seu posto de serviço.”
Para os servidores que não desejam ser transferidos para o HUC, Lino explica que estão sendo apresentados, dentro da rede estadual, “os serviços que podem recebê-los”.
Segundo ele, desde a última segunda-feira, 17, a Sesa elabora um cronograma de realocação dos profissionais conforme suas funções.
“Começamos pelos ambulatórios disponíveis na rede, porque tínhamos pacientes agendados. A partir disso, foram realocados os profissionais responsáveis por cada procedimento ou conduta médica.”
Lino informa que a Secretaria Executiva de Planejamento e Gestão Interna da Sesa dividiu os profissionais em três categorias: estatutários, terceirizados e cooperados.
O superintendente ainda agradeceu a presença dos servidores na manhã de hoje no César Cals e reforçou que o processo de transição exige tranquilidade e cooperação mútua:
“Peço também que os servidores mantenham ânimo calmo e tranquilo. Todos serão acolhidos e terão suas falas respeitadas, para que possamos conduzir tudo de forma humana, eficaz e satisfatória.” (Colaborou Carlos Daniel)
"A Secretaria da Saúde do Ceará (Sesa) informa que não existe qualquer plano do Governo do Estado de fechar o Hospital Geral Dr. César Cals (HGCC). O governador Elmano de Freitas já informou publicamente que o prédio do HGCC passará por reforma. A definição do cronograma de obras depende da conclusão dos laudos técnicos atualmente em elaboração.
Sobre as trabalhadoras e os trabalhadores do HGCC, a Sesa reafirma o seu compromisso com diálogo permanente, transparência e garantia de direitos. A gestão tem realizado encontros de escuta e acolhimento para construir, junto aos servidores, um plano de redimensionamento que considere tanto as solicitações da categoria quanto o perfil assistencial das unidades da Rede Sesa.
A Secretaria ressalta ainda que, nas unidades estaduais geridas por Organização Social (OS) – como é o caso do Hospital Universitário do Ceará (HUC), administrado pelo Instituto de Saúde e Gestão Hospitalar (ISGH) – os processos assistenciais seguem as diretrizes estratégicas da política pública estadual de saúde. O modelo de gestão por OS não altera direitos nem provoca fragilização das relações de trabalho dos servidores públicos estaduais. Todos os direitos das trabalhadoras e dos trabalhadores do HGCC estão garantidos.
A Sesa informa ainda que não há qualquer definição de transferência compulsória de profissionais para outras unidades. Eventuais movimentações são discutidas caso a caso, considerando o interesse dos servidores e as necessidades dos serviços administrativos e assistenciais da Rede Sesa.
Por fim, a Secretaria confirma que houve reunião com o setor de Gestão de Pessoas na última sexta-feira (21), voltada exclusivamente ao acolhimento das demandas apresentadas pelos servidores. As discussões continuam, e novas reuniões serão realizadas para dar prosseguimento ao processo de escuta e construção conjunta de soluções".
EXTRA
Por meio do QR Code é possível ler a íntegra da nota enviada pela Secretaria da Saúde do Estado