O número de queimadas cresceu durante o último ano no Ceará. Entre os meses de julho e outubro de 2025, foram identificados 12.129 focos de incêndio no Estado, 17,3% a mais que o mesmo período de 2024, que acumulou 10.340 ocorrências.
Os dados foram coletados pela Enel Distribuidora e têm como base imagens de satélite fornecidas pela plataforma Climatempo. As informações são utilizadas para identificar em tempo real possível incêndios que venham a prejudicar a rede de energia.
O levantamento atenta para a amplitude de queimadas de grande e pequeno porte no Estado, já que traz números maiores que os relatados pelo Corpo de Bombeiros (CBMCE), que registra apenas as ocorrências atendidas de incêndio.
No mês de setembro, por exemplo, o CBMCE contabilizou 1.298 ocorrências de incêndio em vegetação, enquanto a Enel sinaliza mais de 3.800.
Entre os destaques do levantamento está um problema já comum no Estado, que é a intensificação das queimadas no segundo semestre.
O número de focos encontrados apenas no quadrimestre de julho a outubro é quase cinco vezes maior (498,9%) que todo o primeiro semestre do ano, quando foram registrados 2.431 pontos de calor.
Uma das explicações para esse aumento entre os semestres é o tempo mais seco, ventos fortes e altas temperaturas que perduram no Ceará entre os meses de junho e dezembro, favorecendo a proliferação das chamas. Entretanto, a ação humana sem as devidas precauções ainda é a principal causa de incêndios.
“Disparadamente a principal causa é a ação humana. São responsáveis por mais de 95% desses focos de incêndio. O interesse principal é a limpeza de terrenos, mais até do que queimadas agrícolas, e geralmente para questões imobiliárias”, explica o biólogo e diretor do Instituto Ecos, Márcio Holanda.
A faixa superior do Estado é o ponto mais afetado pelas queimadas, com o Centro-Norte, por exemplo, como a região mais afetada pelas queimadas, com 3.242 ocorrências. Em seguida vêm a Região Metropolitana de Fortaleza (RMF), com 2.527, e Norte, com 2.425.
Os municípios de maior incidência de queimadas estão exatamente nesse trecho, como São Gonçalo do Amarante (1.065), Aracati (488) e Sobral (432).
O levantamento, entretanto, ressalta que apesar da maior prevalência, os focos não são exclusividade da parte Norte do Estado, apresentando altos índices também em outras regiões, como Centro-Sul (1.879), Leste (1.723), Sul (1.590) e Atlântico (1.143).
Para especialistas, essa presença das queimadas espalhadas em todos o Estado se dá principalmente pelo interesse de grupos econômicos pelas terras, seja para plantio ou outras atividades.
"Para se fazer uso do fogo é necessária autorização do órgão de fiscalização local, e também adotar medidas de prevenção como aceiros no entorno da área e assistir à queima controlada para prevenir qualquer incêndio. Infelizmente isso não acontece. No geral, claro que há exceções, as áreas queimadas são agricultáveis ou de loteamento. Isso não é coincidência", explica a mestra em diversidade biológica e recursos naturais, Raquel Soares.
Os danos dessas queimadas atingem tanto o meio ambiente, com prejuízos à fauna e flora, quanto para a saúde humana, com redução significativa da qualidade para a qualidade do ar.
Para os animais, as queimadas significam a perda de habitat, de alimento e por vezes, até da vida, em casos onde eles não conseguem escapar das chamas. Já para a flora, os prejuízos vão desde a perda de vegetação até a impermeabilização do solo, causadas pelas chamas.
“Essa queimada destrói a matéria orgânica do solo e esse solo fica pobre. Ele mata também a microbiota do solo, porque esse solo tem vida. Esse solo fica hidrofóbico, porque a queimada deixa um material que dificulta a infiltração da água, provocando erosão, assoreamento…”, afirma Holanda.
De acordo com a Enel, os incêndios afetam também a rede de energia dos locais, com destruição de cabos, postes e equipamentos, além de aumentar os riscos de explosões. Até outubro deste ano, foram registradas 49 ocorrências causadas por queimadas no Ceará, atingindo 212.440 clientes.
"O fogo e a fumaça podem provocar curtos-circuitos, danificar estruturas como postes, cabos e equipamentos, além de causar desligamentos para proteger a segurança da população. Esses impactos comprometem a continuidade do fornecimento e exigem ações emergenciais de manutenção", pontuou a Enel, em nota.
A curto prazo, o caminho apontado para reduzir a incidência de queimadas passa por medidas preventivas, como ações de educação ambiental e aplicação de técnicas como os aceiros, citados por Raquel.
Entretanto, os estudiosos apontam que a melhor forma de barrar o avanço dos focos de incêndio no Estado ainda seria um maior rigor na lei, com punição direta para a prática de crimes ambientais.
"Talvez uma lei mais rígida para quem faz o uso indevido do fogo, seja um caminho. Cruzar os dados do fogo com os alternativos do solo, identificar quem se beneficia diretamente com os incêndios... mas junto também a isso é necessário que o poder público dê condições de fiscalização, de combate as incêndios florestais, apoio técnico para o pequeno agricultor, até para mudar essa cultura de queima do solo", conclui Raquel.
Em caso de acidentes, o Corpo de Bombeiros Militar do Estado do Ceará deve ser acionado, por meio do telefone 193 ou da Coordenadoria Integrada de Operações de Segurança (Ciops), no 190.
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Queimadas causam prejuízos para o meio ambiente e serviços de energia
Os danos das queimadas atingem tanto o meio ambiente, com prejuízos à fauna e à flora, quanto para a saúde humana, com redução significativa da qualidade para a qualidade do ar.
Para os animais, as queimadas significam a perda de habitat, de alimento e, por vezes, até da vida, em casos onde eles não conseguem escapar das chamas. Já para a flora, os prejuízos vão desde a perda de vegetação até a impermeabilização do solo, causadas pelas chamas.
"Essa queimada destrói a matéria orgânica do solo e esse solo fica pobre. Ele mata também a microbiota do solo, porque esse solo tem vida. Esse solo fica hidrofóbico, porque a queimada deixa um material que dificulta a infiltração da água, provocando erosão, assoreamento", afirma o biólogo Márcio Holanda.
De acordo com a Enel, os incêndios afetam também a rede de energia dos locais, com destruição de cabos, postes e equipamentos, além de aumentar os riscos de explosões. Até outubro deste ano, foram 49 ocorrências causadas por queimadas no Ceará, atingindo 212.440 clientes.
"O fogo e a fumaça podem provocar curtos-circuitos, danificar estruturas como postes, cabos e equipamentos, além de causar desligamentos para proteger a segurança da população. Esses impactos comprometem a continuidade do fornecimento e exigem ações emergenciais de manutenção", pontuou a Enel, em nota.
A curto prazo, o caminho apontado para reduzir a incidência de queimadas passa por medidas preventivas, como ações de educação ambiental e aplicação de técnicas como os aceiros, citados pela mestra em diversidade biológica e recursos naturais, Raquel Soares.
Os estudiosos apontam que a melhor forma de barrar o avanço dos focos de incêndio no Estado ainda seria um maior rigor na lei, com punição direta para a prática de crimes ambientais.
"Talvez uma lei mais rígida para quem faz o uso indevido do fogo, seja um caminho. Cruzar os dados do fogo com os alternativos do solo, identificar quem se beneficia diretamente com os incêndios, mas junto também a isso é necessário que o poder público dê condições de fiscalização, de combate as incêndios florestais, apoio técnico para o pequeno agricultor, até para mudar essa cultura de queima do solo", conclui Raquel.
Alerta
Em caso de acidentes, o Corpo de Bombeiros Militar do Estado do Ceará deve ser acionado por meio do telefone 193 ou da Coordenadoria Integrada de Operações de Segurança (Ciops), no 190