As obras da Linha Leste do Metrô de Fortaleza têm modificado a rotina de quem circula pela avenida Santos Dumont, no bairro Aldeota. Próximo ao cruzamento com a rua José Vilar, duas calçadas estão parcialmente bloqueadas devido ao maquinário e materiais de construção das obras na via.
Com o espaço reduzido, pedestres, especialmente aqueles com mobilidade reduzida, têm reclamado da dificuldade de circulação no local.
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De um lado da via, na área onde funciona uma farmácia, a calçada está praticamente toda tomada por equipamentos e materiais da obra. Cones e placas foram colocados para delimitar o espaço, e uma lona plástica preta cobre parte dos objetos.
Para seguir pelo trecho, pedestres acabam sendo obrigados a desviar pelo estacionamento da farmácia e, depois, passar por cima de um bloco de meio-fio guia para continuar o caminho.
Do outro lado da via, onde a circulação é um pouco mais livre, uma tenda foi montada sobre a calçada. No mesmo espaço, há um banheiro químico instalado, placas empilhadas ao lado e mais materiais de construção.
Zélia Barbosa, 70, costuma fazer o trajeto a pé. Diagnosticada com fibromialgia, ela relata enfrentar dificuldades em caminhar pelo trecho.
“Moro lá na [rua] João Cordeiro. Aí eu venho andando esse caminho todinho. É o único exercício que eu consigo fazer, mesmo devagar. Na outra calçada, do outro lado da pista, não dá pra andar com tudo ocupado. Então venho por aqui, na sombra e desviando das coisas”, diz.
Ela aponta que os obstáculos se repetem ao longo da via. “A Santos Dumont inteira está assim, cheia de buracos e coisas. Mais atrás eu tive que passar entre os carros para conseguir passar, correndo o risco de ser atropelada por um ciclista, o que quase já aconteceu”, relata a aposentada.
Cláudio Ferreira Lima, 50, também afirma enfrentar os obstáculos, já que ele e a esposa costumam caminhar pelo bairro com sua filha de 8 meses. “Mesmo na situação normal [das calçadas] já é difícil; com a obra fica ainda mais impossível. Praticamente não existe calçada que permita que a gente ande com segurança. Principalmente os mais idosos ou, no meu caso, que estou com uma criança pequena.”
Ele relata que o carrinho de bebê não passa por diversos trechos. “Se tivesse calçada em que a gente pudesse transitar com confiança e com espaço, andaríamos muito mais a pé, sem necessidade de táxi ou mesmo carro particular”, afirma.
As obras também também trazem transtornos para os condutores. Paulo Cesar da Silva, 42, motorista de aplicativo, afirma que o trecho tem se tornado um ponto crítico no fim da tarde. “Com apenas um lado da via livre, atrapalha mais nos momentos de pico, por volta de 17h. Faz filas de carro”, conta.
Segundo ele, a demora na conclusão dos serviços agrava a situação para quem depende do trânsito para trabalhar: “A questão principal, para nós que estamos no trânsito, é que demora muito pra entregar essa obra”.
Conforme a Autarquia Municipal de Trânsito e Cidadania (AMC), para quem deseja evitar seguir até o cruzamento com a rua José Vilar, duas rotas alternativas podem ser utilizadas:
1) O condutor segue pela Av. Santos Dumont, dobra à esquerda na Av. Barão de Studart, vira à direita na rua Pereira Filgueiras, depois novamente à direita na rua Tibúrcio Cavalcante, retornando à Av. Santos Dumont.
2) O condutor segue pela Av. Santos Dumont, dobra à direita na rua Silva Paulet, em seguida à esquerda na rua Torres Câmara e novamente à esquerda na rua Joaquim Nabuco, retornando à Av. Santos Dumont.
A previsão de entrega total da Linha Leste é no último trimestre de 2028. A construção está orçada em R$ 2,1 bilhões, sendo R$ 1 bilhão repassado via Novo Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) e R$ 1 bilhão via Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).
Após concluída, a Linha Leste terá 7,3 km de extensão, totalmente subterrânea, o que a tornará a maior trecho metroviário do tipo do Nordeste.
O POVO entrou em contato com a Secretaria da Infraestrutura do Ceará (Seinfra) sobre medidas para minimizar os impactos aos pedestres e em que etapa as obras da Linha Leste se encontram no trecho da avenida Santos Dumont.
A pasta informou que as intervenções na via, no trecho próximo ao cruzamento com a rua José Vilar, fazem parte das obras de avanço da Linha Leste do Metrô de Fortaleza. "O local está sendo preparado para a passagem da tuneladora TBM 02, que partiu da estação Colégio Militar rumo à estação Nunes Valente, com previsão de chegada no primeiro trimestre de 2026", diz.
A Seinfra explica que no trecho da avenida Santos Dumont, próximo ao cruzamento com a rua José Vilar, um estudo geológico e geotécnico identificou vazios no subsolo da região.
"Para garantir a segurança da população e a estabilidade das estruturas próximas, foi determinado que o Consórcio FTS, responsável pela execução da obra, realizasse a injeção de material especial para preenchimento desses vazios. Esse procedimento é fundamental para consolidar o terreno e permitir o avanço das tuneladoras de forma segura", detalha a secretaria.
Conforme a gestão, "a empresa responsável já foi orientada a reforçar as medidas de proteção e a aprimorar a sinalização no local, garantindo condições adequadas à circulação de pedestres".
A Seinfra diz que prazo para conclusão dessa etapa é até o dia 22 de dezembro. Após a finalização da intervenção, a calçada será liberada e restabelecida para uso da população.
Ações para amenizar impacto
O POVO entrou em contato com a Secretaria da Infraestrutura do Ceará (Seinfra) e a pasta informou que as intervenções, próximo ao cruzamento com a rua José Vilar "está sendo preparado para a passagem da tuneladora TBM 02, que partiu da estação Colégio Militar rumo à estação Nunes Valente, com previsão de chegada no primeiro trimestre de 2026".
Já no trecho perto da rua José Vilar, um estudo geológico e geotécnico identificou vazios no subsolo da região.
"Para garantir a segurança da população e a estabilidade das estruturas próximas, foi determinado que o Consórcio FTS, responsável pela execução da obra, realizasse a injeção de material para preenchimento desses vazios. Esse procedimento é fundamental permitir o avanço das tuneladoras de forma segura", detalha a secretaria.
Conforme a gestão, "a empresa responsável já foi orientada a reforçar as medidas de proteção e a aprimorar a sinalização no local, garantindo condições adequadas à circulação de pedestres".
A Seinfra diz que o prazo para conclusão dessa etapa é 22 de dezembro, quando a calçada deverá ser liberada e restabelecida para uso da população.
EXTRA
Acesse o QR Code e confira mais relatos de moradores sobre os transtornos da obra, assim como desvios sugeridos pela Autarquia Municipal de Trânsito e Cidadania (AMC) aos motoristas