Em frente ao palco, Arnete Borges, era uma das participantes que acompanhava a apresentação do quarteto musical no evento. Aos 58 anos, ela atua como presidente do Conselho Municipal dos Direitos das Pessoas com Deficiência de Limoeiro do Norte.
"Eu fui dormir boa e acordei com uma lesão na medula. Já era casada e tinha dois filhos", relembra. Aos 32 anos, ela foi diagnosticada com esclerose múltipla e desde então usa cadeira de rodas.
Na avaliação da presidente, a Lei Brasileira de Inclusão é uma das melhores do mundo e resultou em um grande legado que trouxe mais visibilidade e suporte legislativo para os direitos das PcD.
"Antes da lei, a gente passou por aqueles perrengues de que a gente era portador (de deficiência) e depois a gente veio passando de degrau a degrau e hoje nós somos reconhecidos como uma pessoa com deficiência. Hoje é considerada a característica, mas antes da característica eu sou uma pessoa", ressalta.
Apesar disso, ela lamenta que, na prática, ainda falta muito a avançar, especialmente enquanto os maiores obstáculos forem a barreira atitudinal, seguida pela arquitetônica.
Na fileira ao lado, a dona de casa Francisca Cristina Pereira, 43, veio de Forquilha para participar do evento. Declarando-se ativista, ela conta que foi diagnosticada com fibromialgia. Em julho, a sanção da Lei nº 15.176, passou a reconhecer a síndrome como deficiência.
Cristiana Pereira avalia que deficiências não-visíveis tendem a ser negligenciadas pela sociedade: "Depois da lei, a gente procura lutar pelos nossos direitos. Alguns estabelecimentos não sabem da lei, às vezes fazem vista grossa, mas quando a gente sabe que existe uma lei, fica melhor até para a gente cobrar o nosso direito".
Para enfrentar a invisibilidade de sua condição, ela utiliza o colar de girassol, que facilitou o acesso a alguns lugares. Em 2023, a lei nº 14.624 instituiu o uso do colar com desenhos de girassóis para identificar pessoas com deficiências ocultas.