Mais da metade dos cearenses de 25 anos ou mais não concluiu o ensino básico, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), divulgados nesta quarta-feira, 3. Ao todo, 54,3% do grupo interrompeu os estudos antes dos anos finais do ensino médio, quinto maior índice de todo o País.
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O número faz parte da pesquisa Síntese de Indicadores Sociais (SIS) 2025, e utiliza informações coletadas pela Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) Contínua sobre o nível de instrução dos entrevistados.
De acordo com o levantamento, a etapa em que os cearenses mais interrompem os estudos é o ensino fundamental, com 29,3% da população tendo deixado a escola antes do 9° ano.
Além destes, 11,6% do grupo acima de 25 anos é sem instrução, 7,7% concluiu o ensino fundamental e 5,7% deixaram de estudar no meio do ensino médio.
Em contrapartida, 28,6% dos cearenses concluíram o segundo grau, sendo este o segundo maior grupo entre os entrevistados. Quanto ao nível superior, 13,7% se formaram na faculdade e 3,4% ficaram no meio do caminho.
Para o professor do Departamento de Estudos Especializados da Universidade Federal do Ceará (UFC) e doutor em Educação, Eneas Arrais Neto, os dados apontam um reflexo econômico, não propriamente educacional.
"Esses dados são os 'filhos', a meu ver, desse período que nós vivemos entre os anos 2014, 2015 e até 2022. Quando a economia vive um quadro recessivo, o desemprego em alta, a necessidade das famílias de que qualquer membro tenha que contribuir com a renda familiar, tirou muita gente do estudo", explica.
Nesse contexto, o atual investimento no programa Pé-de-Meia, um incentivo financeiro-educacional voltado à permanência e conclusão escolar de estudantes matriculados no ensino médio público, pode auxiliar as próximas gerações.
Outro problema evidenciado pela pesquisa é o nível de analfabetismo dos cearenses. Conforme o IBGE, 11,8% do público acima de 15 anos no Estado não sabe saber ler e escrever um bilhete simples, mais que o dobro da média nacional, de 5,3%.
A taxa é a quarta maior do País, atrás apenas de Alagoas, com 14,2%, Piauí, com 13,8%, e Paraíba, 12,7%. Os altos índices desses estados levaram o Nordeste a ocupar com folga a liderança do ranking, com 11,1% de analfabetos.
Em efeitos de comparação, a segunda região com mais pessoas sem ler e escrever é o Norte, com 6,1%, cinco pontos percentuais a menos.
A pesquisa também traz o percentual de analfabetos nas capitais de cada estado. No Ceará, os dados evidenciam que a taxa é puxada pelo interior do Estado, já que na Capital apenas 5,1% dos moradores acima de 15 anos não sabem ler e escrever.
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