A militante feminista Vládia Furtado, uma das articuladoras estaduais, explicou que o levante nacional foi antecipado devido à onda de assassinatos.
"Enquanto organizávamos o ato, já tinham acontecido dois novos feminicídios no Ceará. As mulheres estão morrendo. O Estado precisa intervir de forma mais rígida", afirmou.
Para a professora Carolina Junqueira, a escola tem papel central, mas ainda carece de políticas específicas.
"O currículo trabalha violência de maneira geral, mas não há legislação específica para combater violência contra a mulher nas escolas. A gente tenta formar adultos diferentes, mas falta apoio", disse.
Ela destacou o impacto da violência no na escola. "Muitas crianças convivem com isso dentro de casa, e por isso precisamos fortalecer a escola".
Na Praia de Iracema, o clima era de indignação, mas também de possibilidade coletiva. Durante o percurso, placas, camisetas, cartazes e cruzes com os nomes das vítimas foram erguidos.
As manifestações em Fortaleza aconteceram simultaneamente às mobilizações em outras 20 capitais, estimuladas por episódios que chocaram o País, como o assassinato da cabo do Exército Maria de Lourdes Freire Matos, de 25 anos, em Brasília, o duplo feminicídio no Cefet-RJ e o atropelamento de Tainara Souza Santos, em São Paulo.
De acordo com o Ministério da Mulheres, 2025 já ultrapassou 1.180 feminicídios apenas até o início de dezembro. Em 2024, o Brasil viveu o maior número desde que o crime foi tipificado: 1.492 mulheres assassinadas em razão do gênero.
Ministras do governo federal — entre elas Márcia Lopes (Mulheres) e Anielle Franco (Igualdade Racial) — têm defendido penas mais duras, ampliação da rede de proteção e fortalecimento das Casas da Mulher Brasileira.
"É urgente. Queremos respeito e vida para todas", resumiu Izaltina Gonzaga, enquanto a multidão repetia o grito que marcou o ato: "Parem de nos matar".