A previsão de reabertura do Zoológico Municipal Sargento Prata, no bairro Passaré, em Fortaleza, era para julho de 2025. Porém, cinco meses após o prazo, as portas permanecem fechadas.
Sem data definida, o espaço está inacessível ao público há 2 anos e 9 meses. Meta, segundo biólogo e diretor de conservação do zoológico, Rafael Martins, é reabrir entre fevereiro e março.
Em material publicado em 2024, O POVO apurou que o espaço foi fechado para a requalificação do Parque Ecológico do Passaré. As obras iniciaram em março de 2023, e a previsão inicial de entrega do espaço era no primeiro semestre de 2024.
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Em visita guiada exclusiva ao O POVO, Rafael Martins explicou que estão sendo feitas obras complementares no espaço e uma busca por outros animais, como fêmeas para os machos.
Com a requalificação do espaço, tudo foi mudado. Os recintos foram atualizados, postas novas calçadas e também foram feitos ajustes nos prédios do local.
“Esses animais são doados, vêm de outros empreendimentos. Então não temos como fazer uma lista e seguir exatamente o que planejamos.[Nós] recebemos uma anta e estamos tendo que adaptar o recinto dela e fazer um tanque”.
Outro exemplo, são de animais que precisam formar grupos e passar por uma adaptação, como as aves. “Para que eles não se estranhem e tenham nenhum incidente”, disse Rafael.
“Ainda não há uma data definida para reabertura do zoológico, porém, a meta é abrir entre fevereiro e março”, afirma o diretor do espaço.
“A gente precisa parear [alguns animais], então todo esse processo tem que ser feito de forma lenta, até porque existem parâmetros de bem-estar que precisam ser avaliados, principalmente por ser um órgão ambiental”, ressalta.
Dentre os 270 animais e 72 espécies que vivem atualmente nos 49 recintos do zoológico, há um trio de macacos que eram utilizados em experimentos de laboratório no Pará.
“A gente recebeu três exemplares de Grivet (Chlorocebus aethiops), que viviam no centro de primatas no Pará. Eles eram utilizados em pesquisas e ficavam em um biotério Instalação especializada para a criação, manutenção e fornecimento de animais (como roedores, coelhos, rãs, cobras) usados em pesquisas científicas, ensino e testes pré-clínicos. ”, conta Rafael.
Os animais agora estão em um espaço que se assemelha à natureza, porém, ainda estranham a nova rotina.
“Até eles se adaptarem à terra, planta e água no tanque, e entender que existe toda essa condição mais próxima ao natural, também tem um processo de adaptação”, explicou Rafael.
O zoológico contará com alguns recintos de imersão e outros interativos. O primeiro espaço será destinado a uma proximidade maior com o público. Já o segundo, será para que os visitantes possam interagir com os animais, como as aves, por exemplo. Todos os animais do equipamento vieram de cativeiro ou tráfico ilegal.
“O animal foi apreendido na casa de alguém, sem documentação, sem nada. Ele passa por uma triagem, se tiver condição de ser reintroduzido, vai à natureza. Se for muito humanizado, ou se na avaliação percebe-se que não tem condições de ir para soltura, ele é destinado aqui pro zoológico. Então temos esse trabalho bem minucioso”, explicou o biólogo.
Questionado sobre uma data oficial de reabertura, Rafael Martins explica que o prazo “está sendo estabelecido”. “Vamos continuar recebendo animais mesmo que o parque abra (...) Tudo isso [readaptação] gera um nível de estresse, então não adianta fazer isso e depois recebermos alguma denúncia. A gente acredita que vamos abrir daqui no máximo três meses, entre fevereiro para março”, declarou.
Além da questão do recebimento dos bichos, há a logística administrativa, que segundo Rafael, servirá para acompanhar as visitações ao parque ecológico.
“A tendência é que reduza um pouco a velocidade do acréscimo de indivíduos, para que a gente consiga estabilizar e reabrir o zoológico com segurança. [Depois] continuar recebendo, só que sem o caos que foi receber eles e ter obras ao mesmo tempo”, conclui Rafael.
A fêmea de um casal de macacos da espécie Alouatta ululata, conhecido popularmente como Guariba-da-Caatinga, deu à luz a um filhotinho no dia 8 de dezembro passado, no zoológico municipal.
“É uma espécie ameaçada de extinção e endêmica da Caatinga, ou seja, só ocorre nesse bioma, em poucos espaços. Esse casal veio justamente para fazermos a reprodução”, é o que explica a médica veterinária, Patrícia Vasconcelos.
Os animais foram recebidos do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio). O macho veio de Alagoas e a fêmea do Piauí.
“Eles passaram por um processo de quarentena, para sabermos se estavam saudáveis, e posteriormente a adaptação para juntá-los. Eles ficaram por um período só se ouvindo, depois começaram a se ver e depois aproximamos para se tocarem. Na primeira semana que juntamos os dois, eles já reproduziram”, conta orgulhosa a veterinária.
Segundo ela, o filhote é saudável, e ele e a mãe passaram por uma avaliação médica. O acompanhamento continuará sendo feito. “É o primeiro nascimento em zoológico do mundo que tem essa espécie”, afirma Patrícia.
A médica veterinária expressa a alegria pelo feito: “Pra gente foi uma imensa surpresa, porque estávamos meio desesperançosos. A gente preferiu aguardar [para ver como iria ser], do que anestesiar e fazer um ultrassom, algo que é mais invasivo”.
“Pra gente foi uma realização muito grande. Logo na primeira vez, ser abençoados com um filhotinho. Esperamos que esse seja o primeiro de muitos (...) quem sabe a gente consiga ter um grupo de animais para voltar à natureza”, conclui.
Números
O local abriga 270 animais e 72 espécies que vivem nos 49 recintos do zoológico
Espécie de macaco ameaçada em extinção dá à luz
A fêmea de um casal de macacos da espécie Alouatta ululata, conhecido como Guariba-da-Caatinga, deu à luz a um filhote, no dia 8 de dezembro passado, no zoológico municipal.
"É uma espécie ameaçada de extinção e endêmica da Caatinga, ou seja, só ocorre nesse bioma, em poucos espaços. Esse casal veio justamente para fazermos a reprodução", explica a médica veterinária, Patrícia Vasconcelos.
Os animais foram recebidos do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio). O macho veio de Alagoas e a fêmea do Piauí.
"Eles passaram por um processo de quarentena, para sabermos se estavam saudáveis, e posteriormente a adaptação para juntá-los. Eles ficaram por um período só se ouvindo, depois começaram a se ver e depois aproximamos para se tocarem. Na primeira semana, eles já reproduziram", conta.
Segundo ela, o filhote é saudável e o acompanhamento continuará sendo feito. "É o primeiro nascimento em zoológico do mundo que tem essa espécie", afirma Patrícia.
Ela expressa a alegria pelo feito: "Foi uma imensa surpresa, porque estávamos meio desesperançosos. Esperamos que esse seja o primeiro de muitos filhotes. Quem sabe a gente consiga ter um grupo de animais para voltar à natureza".