Em contrato para a aquisição das primeiras doses da vacina contra a dengue, assinado na sexta-feira passada, 19, o município de Maranguape, a 21 km de Fortaleza, foi escolhido para integrar uma ação de aceleração da vacinação como município-piloto no Brasil. O imunizante, de dose única e com produção 100% nacional, é o primeiro do mundo com essas características contra a doença.
A estratégia, coordenada pelo Ministério da Saúde (MS), tem como objetivo avaliar o impacto do novo imunizante na dinâmica populacional da dengue. A vacina será ofertada exclusivamente pelo Sistema Único de Saúde (SUS) a partir de 2026.
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De acordo com a pasta, Maranguape foi selecionado pela qualidade das ações de vigilância em saúde desenvolvidas no município e pela ausência, até o momento, de circulação expressiva do sorotipo DENV-3 (vírus da dengue tipo 3), considerado um dos fatores de maior risco para surtos da doença.
Com o acordo firmado, o Ministério da Saúde prevê um investimento de R$ 368 milhões para o fornecimento inicial de 3,9 milhões de doses à rede pública de saúde em todo o País.
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Com a chegada das primeiras doses, prevista já para o início do próximo ano, Maranguape foi definida, de forma estratégica, como município-piloto ao lado de Botucatu, no interior de São Paulo. Nessas localidades, o público-alvo da vacinação será composto por adolescentes e adultos com idades entre 15 e 59 anos.
A definição do grupo prioritário ocorreu após reunião técnica com especialistas da área, seguindo recomendação da Câmara Técnica de Assessoramento em Imunização (CTAI), responsável pela análise de dados científicos e pela formulação das estratégias de vacinação no País.
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Desenvolvida com a tecnologia de vírus vivo atenuado — método já utilizado em diversas vacinas aplicadas no Brasil —, a nova vacina apresentou eficácia global de 74,4% na população entre 12 e 59 anos. Isso significa que cerca de 74% dos casos da doença foram evitados entre as pessoas vacinadas durante os estudos clínicos.
A principal diferença entre as vacinas da dengue disponíveis e em aprovação no Brasil está no esquema de doses — uma dose para a vacina do Butantan e duas para a Qdenga — e na logística de produção: nacional versus importada. Ambas são vacinas de vírus atenuado e tetravalentes, que protegem contra os quatro sorotipos do vírus.
Em relação ao cenário epidemiológico, o Ceará registra atualmente 5,6 mil casos prováveis de dengue, o que representa uma redução de aproximadamente 54% em comparação com o mesmo período de 2024, quando foram notificados 12,2 mil casos.
Quanto aos óbitos, o Estado confirmou três mortes neste ano, número inferior ao registrado em 2024, quando houve oito confirmações.
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No cenário nacional, até outubro deste ano, o Brasil contabilizou 1,6 milhão de casos prováveis de dengue, uma queda de 75% em relação ao mesmo período de 2024. O número de óbitos também apresentou redução significativa: foram 1,6 mil mortes até outubro, representando uma diminuição de 72% na comparação com o ano anterior.