"Eu fui uma criança beneficiária do bolsa família. As políticas públicas de inclusão me salvaram. Fui bolsista de iniciação científica jr no IFCE. Entrei como cotista negro na Universidade. O restaurante universitário garantiu segurança alimentar (...) Contudo, é preciso também denunciar".
Ele conta que os alunos têm sofrido com cortes na assistência estudantil. "Foram muitos os atrasos de bolsa, especialmente nos anos de 2021 e 2022. São muitos os colegas que precisam conciliar estudo e trabalho, porque a política é subfinanciada", afirma.
Apesar das dificuldades, Diogo celebra o feito: "Essa conquista significa a coroação de anos de estudo e dedicação, minha e da minha família. É um grande alívio. (...) Hoje estou comemorando imensamente, pois sei que não é uma conquista individual, mas sim coletiva", comemora.
Após 77 anos de sua criação, a faculdade de Medicina da UFC vê o primeiro remanescente quilombola a se formar. Diogo Augusto afirma que isso é fruto de uma "aristocracia médica, que é branca, elitista e formada por famílias tradicionais".
"Não à toa, grande parte dos médicos são contra as cotas na residência médica e contra as políticas de inclusão. Somente em 2024 a UFC começou a reservar vagas para quilombolas, por força da lei de cotas de 2023, que finalmente incluiu a população quilombola nas reservas de vagas. Eu mesmo, apesar de quilombola, adentrei nas cotas em 2020 como pessoa negra e não como quilombola, pois à época não existia essa reserva", explicou.
"É uma felicidade eu ser o primeiro quilombola médico no Ceará? Sim, é. Porém, é sobretudo uma indignação", lamenta Diogo. "Somos pouquíssimos médicos quilombolas no País, no Ceará apenas eu. Isso é uma violência tremenda. Apesar disso, vamos lutando e seguindo em frente, para que muitos outros possam adentrar a universidade", finalizou.