Com etapas concluídas, outras em curso e parte ainda aguardando por recurso, a Companhia de Água e Esgoto do Ceará (Cagece) está implantando a rede de saneamento básico na extensão da bacia hidrográfica do Cocó, em Fortaleza. Atualmente, 60,57% da bacia não tem saneamento básico. Com 39,43% da cobertura realizada, a Companhia pretende chegar até 2022 há 81,95%. A cobertura total ainda aguarda por captação de recurso.
As informações foram repassada pelo presidente da Cagece, Neuri Freitas. De acordo com o gestor, o fim da poluição do rio pelo lançamento de dejetos sanitários esbarra também na falta de adesão dos clientes à rede de saneamento. Ele detalha que no trecho já concluído e entregue em janeiro de 2018 - que compreende partes dos bairros Aerolândia, Alto da Balança, Praia do Futuro, Antônio Diogo, Manoel dias Branco, Engenheiro Luciano Cavalcante, Edson Queiroz, Guararapes, Jardim das Oliveiras e Parque Iracema - dos cerca de 94 mil clientes, aproximadamente 74 mil fizeram as ligações de esgoto à rede.
"O restante, cerca de 20 mil, continua usando fossas, lançando esgoto nas ruas ou nas (galerias de) drenagem (fluvial). A maioria é por não querer pagar a taxa do serviço", aponta. O percentual é de 20% de não adesão. Se persistir, mesmo com a totalização das obras da rede, ao custo de mais de R$ 586 milhões, a poluição doméstica ao rio continuará.
"Certamente se nós tivermos toda bacia saneada, com todo mundo interligado na rede de esgotamento sanitário, se evita que piore a situação de contaminação do Rio", acredita Neuri. O geógrafo e doutor em Ciências Marinhas Tropicais Leonardo Borralho explica que por ser um recurso hídrico que atravessa um grande centro urbano como Fortaleza, o rio Cocó sofre constantemente com múltiplos impactos ambientais advindos de atividades antrópicas, como a poluição, ocasionada pelo lançamento irregular de efluentes e descarte inadequado de resíduos sólidos. "O principal responsável pela eutrofização desse recurso aquático é o lançamento de esgotos (efluentes) de origem doméstica e industrial", é categórico.
Em material de divulgação do Pacto Pelo Cocó enviado ao O POVO em setembro passado, o texto detalhava que "ao receber as águas do riacho Timbó, o Cocó já é impactado por grande quantidade de resíduos industriais e domésticos de Maracanaú". Ainda assim, o projeto em curso da Cagece contempla bairros apenas de Fortaleza, por ter a maior concentração de população em convívio com a bacia, justifica o presidente da companhia. Pacatuba, Itaitinga e Maracanaú ainda precisam aguardar por planos municipais de saneamento que, de acordo com Neuri, são feitos em parceria com a Cagece. O presidente não detalhou prazos concretos para a implantação de saneamento nesses municípios.