A cera da carnaúba está no 8º lugar do ranking de exportações do Ceará e tem diferentes usos — como dermatológicos, alimentícios e farmacológicos. Mas outros artigos também são produzidos a partir dessa palmeira. Do tronco, são provenientes, por exemplo, cerca, palmito, madeira e material de construção. Dos frutos, ração animal, óleo combustível e pó substitutivo do café. Da raiz, faz-se uso medicinal e se retira sal natural. Já a partir da palha, produz-se chapéus, bolsas, tecidos e redes — além da cera.
Dessa forma, com a ação da unha-do-diabo, há impactos negativos tanto para o ecossistema quanto para as comunidades inseridas na cadeia produtiva da carnaúba. Rony Barroso, pós-doutorando em Ecologia pela Universidade Federal do Ceará (UFC) fez parte de uma das diferentes pesquisas que estão sendo realizadas sobre essa planta.
No estudo "Conservação biológica: estudos no estado do Ceará", coordenado por Waldir Mantovani, 40 moradores dos municípios Granja e Jaguaruana foram entrevistados para se pesquisar os impactos socioeconômicos da planta invasora. Por meio de um questionário, foram coletados dados referentes a conhecimentos e percepções sobre a unha-do-diabo, desejos e necessidades de manejo e impactos na renda, entre outros.
"Tem registro da chegada da planta invasora há mais de 10 anos, e 75% dos entrevistados relataram o aumento da ocorrência das plantas invasoras ao mesmo tempo em que o número de plantas de carnaúba vem diminuindo", afirma Barroso. Outro resultado do estudo foi o relato da diminuição da folha para a coleta da carnaúba devido à presença da planta invasora. De acordo com ele, pode ocorrer perda de até 75% na oferta de folhas e, consequentemente, na oferta da cera.
"Mais de 75% da renda dos trabalhadores pode ser reduzida, causando prejuízos. Tem outras dificuldades que não são só econômicas, como a dificuldade de acesso. A unha-do-diabo ocupa grande parte do terreno, e as pessoas não conseguem ter acesso ao carnaubal, pois (a planta invasora) é uma espécie de arbusto que impede o deslocamento", complementa.