Cada região do cérebro é responsável por determinada função, por isso, a reabilitação deve ser orientada pelo local onde ocorreu o Acidente Vascular Cerebral. O mais indicado pelos profissionais fisioterapeutas é que seja traçado um plano de tratamento específico para o pós-AVC. O fisioterapeuta Jacques Esmeraldo explica que a fisioterapia vai restabelecer os movimentos do paciente e proporcionar equilíbrio para uma vida normal, levando sempre em consideração o ambiente que ele está inserido, para assim priorizar as funções que mais irão interferir nas atividades diárias (avd’s) e no emocional do paciente. “É necessário proporcionar estímulos que impulsionem novos neurônios para executar as funções (movimentos) até o momento perdidas (pela morte de alguns neurônios por isquemia ocasionada pelo AVC), sempre em conjunto com movimentos passivos e comandos verbais, para que esses novos neurônios comecem a ser requisitados e logo assumam a função dos antigos, esse ato de substituição neuronal é chamado de neuroplasticidade”, esclarece Jacques Esmeraldo.
Vera Célida faz exercícios de fisioterapia todos os dias. Ela conta que já consegue mexer a mão e a perna direita, o que já é um grande avanço, já que o Acidente Vascular Cerebral aconteceu há apenas dois meses. “A minha luta agora é para que eu volte o quanto antes a realizar as atividades que sempre fiz no dia a dia. Quando a gente sofre um AVC é que passa a dar valor a pequenas coisas, como segurar o garfo para comer ou levantar para fazer qualquer coisa. Tive que aprender a usar a mão esquerda pra tudo, mesmo sendo destra, e está sendo um grande aprendizado, principalmente o exercício da paciência, o desafio mais difícil pra mim”, desabafa a professora aposentada.
Jacques Esmeraldo, que trabalha com reabilitação de pacientes pós-AVC desde 2010, explica que os exercícios variam de acordo com o quadro clínico de cada paciente. “Geralmente, os acometidos por Acidente Vascular Cerebral apresentam padrão flexor no membro superior e padrão extensor no membro inferior (chamado de espasticidade), que pode ser hemiplegia total (acomete todo o lado, direito ou esquerdo) ou parcial (que acomete apenas um lado e membro superior ou membro inferior). Por essa razão, esses músculos devem ser priorizados no processo de reabilitação. A flacidez nos músculos pode durar até dois meses e o estágio de recuperação nesse processo pode se estender em média até seis meses, quando temos melhores ganhos. Quando o paciente não apresenta controle motor do membro acometido, as órteses são indicadas para evitar deformidades e dar mais segurança ao paciente ao andar ou executar outra atividade que requer muita carta na articulação”, orienta o fisioterapeuta.