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Atividades físicas podem reduzir prevalência de hospitalizações por Covid-19
Ciência e Saúde

Atividades físicas podem reduzir prevalência de hospitalizações por Covid-19

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Aos 50 anos, Wilson Santana 
passou 44 dias internado após contrair a Covid-19 (Foto: Arquivo pessoal)
Foto: Arquivo pessoal Aos 50 anos, Wilson Santana passou 44 dias internado após contrair a Covid-19

Resultados de uma pesquisa on-line feita com 938 brasileiros que foram infectados pelo novo coronavírus apontam que a prevalência de hospitalização pela Covid-19 foi 34,3% menor entre pessoas suficientemente ativas. Em outras palavras, a proporção de pacientes que demandaram internação foi um terço menor entre pessoas ativas. Para definir o critério de "suficientemente ativo'', os pesquisadores usaram como referência as recomendações da Organização Mundial de Saúde (OMS) para adultos entre 18 e 64 anos: pelo menos 150 minutos de atividade moderada ou 75 minutos de atividade intensa por semana.

O estudo aconteceu entre os meses de junho e agosto com voluntários de ambos os sexos e diversas idades que tiveram a doença confirmada por teste. Foram respondidas perguntas sobre o quadro clínico (sintomas, medicamentos e, no caso dos que foram hospitalizados, tempo de internação) e sobre outros fatores que poderiam influenciar no desfecho da infecção, como doenças preexistentes, condições socioeconômicas, escolaridade, consumo de tabaco e nível de atividade física. As respostas foram analisadas por modelos estatísticos.

Dos mais 300 mil cearenses que foram infectados pelo novo coronavírus, Wilson Santana está entre aqueles que necessitaram de hospitalização. Aos 50 anos, o bacharel em Direito passou 44 dias em um leito de tratamento intensivo na rede particular de saúde. “Fui no dia 9 de maio, no dia 13 fui entubado e passei onze dias assim. Estava me preparando para alta da UTI quando diagnosticaram uma infecção bacteriana. Voltei para casa só no dia 22 de junho”, relata. Foram ainda 40 dias acamado sob cuidados de uma equipe multidisciplinar até que Santana voltasse a caminhar.

Ele conta que nesse período perdeu 32 quilos. “Eu estava obeso e levava uma vida movimentada, mas sempre em torno do trabalho, deslocando entre um cliente e outro”, conta. “Depois disso tudo minha alimentação mudou muito e estou tentando incluir caminhadas no meu cotidiano”. Ainda hoje, Santana segue fazendo fisioterapia para reabilitação e tomando remédios para complicações da Covid-19.

"Por se tratar de um estudo observacional e por não podermos ter levado em consideração outros fatores - a alimentação, por exemplo, não podemos falar de causa e efeito. Mas há sim indícios de que a atividade física é um aliado", explica Daisy Motta Santos, pesquisadora na Universidade Federal de Minas Gerais no Departamento de Esportes e parte da equipe do estudo. "Isso porque já comprovadamente ela evita e trata uma diversidade de doenças, inclusive aquelas que são fatores de risco para agravamento da Covid-19", completa.

O artigo resultante da pesquisa está disponível em plataformas de divulgação de pré-prints (estudos ainda não avaliados por outros pesquisadores). No texto, a equipe pondera que "a atividade física é uma importante estratégia de prevenção da SARS-CoV-2". "As políticas públicas devem encorajar a prática regular de exercícios físicos para prevenir complicações decorrentes da Covid-19", opinam.

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