A demora do governo federal para a compra de seringas e agulhas não ameaça apenas o calendário de vacinação contra a Covid-19 no Brasil. Após fracasso no primeiro pregão para aquisição destes produtos, o Ministério da Saúde mira estoques dos estados e municípios que servem, todos os anos, para aplicar 300 milhões de doses de vacinas de outras doenças, como sarampo, gripe e febre amarela, por meio do Programa Nacional de Imunizações (PNI). O presidente Jair Bolsonaro afirmou na última quarta-feira que a compra destes insumos pelo governo federal está suspensa até que os preços voltem ao "normal". O ministério estima que há 60 milhões de seringas e agulhas nos estoques dos estados. Só para a campanha de imunização contra a gripe, que em 2020 começou em março, são necessárias 80 milhões. Alertado pelo menos desde julho pela indústria nacional sobre a necessidade de planejar a procura por insumos, o ministério só tentou adquirir agulhas e seringas em 29 de dezembro. Das 331 milhões de unidades desejadas, obteve lances válidos para compra de 7,9 milhões. A ideia era que 300 milhões de seringas fossem usadas na campanha para a Covid-19 e, o resto, contra o sarampo. Se desse certo, a compra toda custaria menos de R$ 70 milhões.