As vacinas alteram o DNA humano e causam homossexualidade, autismo, infertilidade e implantam um nanochip 5G nas pessoas. As máscaras podem causar câncer. Vinagre é melhor do que álcool em gel. A cloroquina salvou todo o continente africano das mortes por covid-19. As vacinas vão matar as pessoas porque é uma estratégia para reduzir a população.
Essas afirmações são compartilhadas pela internet desde o início da pandemia e têm como veículo preferencial os aplicativos de troca de mensagens como o WhatsApp. Indignados com tantas mensagens recebidas nos grupos de família, um grupo de alunos e docentes da Faculdade de Ciências Farmacêuticas de Ribeirão Preto (FCFRP) da Universidade de São Paulo (USP) resolveu criar o Vidya Academics, coletivo de divulgação científica. Em parceria com o site de ciências Pretty Much Science, eles lançaram um manual das fake news do coronavírus para mostrar as principais mentiras que estavam circulando sobre a pandemia.
Com o passar dos meses e o desenvolvimento das vacinas contra o coronavírus, o grupo percebeu que era preciso mudar o foco e defender a vacinação. Além do manual de fake news e vacinas, os acadêmicos escolheram justamente a ferramenta mais utilizada pelos disseminadores de mentiras, os áudios de whatsApp.
"Eu acompanhava desde 2019 os grupos antivacina. Quando começou o desenvolvimento dos imunizantes para a covid-19, eles aumentaram a produção na ordem de mais de 300%. Era uma verdadeira fábrica", lembra Wasim Syed, estudante de graduação da Faculdade de Ciências Farmacêuticas e integrante da União Pró-Vacina.
"Os áudios que gravamos para o WhatsApp têm de dois a três minutos e buscam dar explicar de forma acessível. Grande parte das fake news que saem sobre vacinas e coronavírus são disseminadas por áudios enviados por pessoas que estão conversando com alguém da família. Isso viraliza muito mais do que vídeos e qualquer informação correta", explica.