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Marcas da desigualdade nas consequências da pandemia
Ciência e Saúde

Marcas da desigualdade nas consequências da pandemia

Crianças de diferentes realidades são impactadas de formas distintas pelo atual cenário
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Tipo Notícia

Como em todas as outras áreas nas quais teve impacto, a pandemia de Covid-19 não atinge todas as crianças da mesma forma. Enquanto em algumas famílias o período de confinamento pode significar que a criança terá pais presentes, cuidadosos e amorosos, para outras o período pode ser de mais experiências negativas.

A adoção das aulas remotas tornou o estudo mais complicado para famílias em situação socioeconômica vulnerável. Isso pode ocorrer por falta de conhecimento dos pais para utilizar aparelhos eletrônicos, falta de acesso à internet ou uso de rede com baixa transmissão de dados.

Vanessa Lima dos Santos, 26, precisa ir até a casa da vizinha para usar a internet e enviar as atividades de Pedro, 7. "O pouco que ele manda está dando certo, elas [as professoras] dizem que ele está de parabéns. Elas me entendem muito." Também é por app que ela mantém a relação de Pedro e da irmã, Havylla, 3, com os parentes: envia fotos e áudios para os avós das crianças e faz chamadas de vídeo.

Para famílias mais vulneráveis, a escola também desempenha papel importante na nutrição infantil, por conta da merenda escolar. No caso de Vanessa, são as cestas básicas que têm ajudado em casa. "Eu dependo da cesta do colégio. Fazia muito unha, mas não estou fazendo mais", relata.

A médica Anamaria Cavalcante e Silva, presidente da Sociedade Cearense de Pediatria (Socep), chama atenção para o aumento da violência doméstica. Aspectos como desemprego e espaço doméstico reduzido podem contribuir para essa violência, que acaba tendo impacto sobre as crianças.

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