A origem de galáxias, estrelas e planetas também é outro foco no qual as investigações do novo satélite devem se debruçar. Por meio de uma área maior dos espelhos — equivalente a cinco vezes mais em relação ao tamanho do Hubble — e da capacidade de ver no espectro infravermelho, o Webb terá um olhar com maior alcance, atingindo um universo mais distante e antigo. "A poeira formada por pequenas partículas está em uma temperatura muito baixa, o que torna necessário usar o infravermelho", explica Brito.
As primeiras imagens do Webb devem chegar aos pesquisadores ainda neste ano, por volta do mês de junho, e a vida útil do satélite deve durar pelo menos cinco anos e meio, podendo se estender por mais de dez anos. Diferente do Hubble, que está na órbita da Terra, o Webb ficará bem distante do nosso planeta, no chamado Ponto de Lagrange (L2). Essa característica não permite a realização de eventuais reparos ou ampliações durante a operação do satélite, como já aconteceu cinco vezes com o Hubble, desde que ele foi enviado ao espaço.
Nomeado em homenagem ao administrador da Nasa James Edwin Webb, o telescópio também deve ajudar na exploração de buracos negros. "Essa é uma característica distintiva do Webb e permite que ele enxergue vários tipos de objetos", explica o professor Romário Fernandes. Conforme a Nasa, uma das perguntas fundamentais que deve ser respondida pelo telescópio é sobre a relação entre os buracos negros e a formação de galáxias.
Parte da teoria de Albert Einstein, os buracos negros são os lugares mais densos do universo e intrigam os pesquisadores há muito tempo. "A razão de os cientistas e agências espaciais ao redor do mundo colocarem tanto esforço no estudo de buracos negros é porque eles são os ambientes mais extremos do universo que conhecemos. É uma forma de fazer um teste prático com algumas das nossas teorias fundamentais, como a da relatividade", explica Sera Markoff, astrônoma da equipe de pesquisa do Webb.
"Como o telescópio é especialmente adaptado para ver a radiação infravermelha, ele terá uma altíssima capacidade de detectar, de forma antecipada, objetos "frios", como cometas e asteroides", enfatiza Fernandes em artigo para O POVO.