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Desenvolvimento infantil: entenda a importância para as crianças de brincar
Ciência e Saúde

Desenvolvimento infantil: entenda a importância para as crianças de brincar

Além de reduzir o estresse e ser importante ferramenta de aprendizagem, o ato de brincar ajuda as crinças a se relacionarem melhor. Veja como as brincadeiras podem ser saudáveis
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brincar (Foto: Jansen Lucas)
Foto: Jansen Lucas brincar

 

 

“Se um pinguinho de tinta cai num pedacinho azul do papel, num instante imagino uma linda gaivota a voar no céu.” A composição de Toquinho, “Aquarela”, fala um pouco sobre uma das principais habilidades exercitadas no ato de brincar: a imaginação. Além de ser divertido, brincar estimula o conhecimento do corpo, a força, a elasticidade, o desempenho físico, e promove um melhor desenvolvimento motor. Brincando, as crianças se sentem mais felizes, mais calmas e também criativas.

As brincadeiras da infância são meios para o aprendizado das emoções, para o desenvolvimento físico e a autorregulação(Foto: UNSPLASH)
Foto: UNSPLASH As brincadeiras da infância são meios para o aprendizado das emoções, para o desenvolvimento físico e a autorregulação

“Ao redor do primeiro ano de vida, por exemplo, a criança começa a brincar imitando episódios do dia a dia, tais como comer e dormir. Posteriormente surgem os jogos simbólicos, em que a criança utiliza um objeto para simbolizar outro, como a colher que vira um avião”, afirma a doutora em Saúde Mental e especialista em Parentalidade da Fundação Maria Cecilia Souto Vidigal, Elisa Altafim. Isso acontece porque na medida em que a criança cresce e se desenvolve, o brincar também vai passando por diferentes estágios

Por mais simples que pareçam, as brincadeiras promovem o florescer de habilidades que vão desde a expressão de emoções ao desenvolvimento da confiança e o fortalecimento da autorregulação.

Segundo Elisa, “enquanto brinca e se diverte a criança exercita o corpo e desenvolve habilidades físicas, como a compreensão do movimento e espacial, além de manter o corpo ativo e saudável. Nas habilidades sociais a criança fortalece a colaboração, aprende a compartilhar, a comunicação, a resolução de problemas e também as regras”.

Além disso, habilidades criativas também são desenvolvidas pelo brincar, entre elas a criação de novas ideias, a ampliação da curiosidade, da imaginação e do simbolismo das coisas. Brincando, as crianças estimulam os cinco sentidos: audição, tato, visão, olfato e paladar, e fortalecem todas as suas relações.

 


Desenvolvimento psíquico e físico

Os conhecimentos da neurociência apontam que o cérebro se forma a partir da interação da criança com o ambiente e com outras pessoas, de acordo com o professor titular de Pediatria da Faculdade de Medicina da Universidade Federal do Ceará (UFC), Álvaro Medeiros.

Isso se dá não apenas em decorrência da carga genética hereditária, dos pais para os filhos, como era proposto pela área há alguns anos. “Brincar prepara o cérebro para a vida e para a experiência de amorosidade com as pessoas. Portanto, torna a vida recheada de momentos de alegria. Ajuda a reduzir a ansiedade, o estresse e a irritabilidade”, reforça.

.Os benefícios do brincar são insubstituíveis na infância (Foto: UNSPLASH)
Foto: UNSPLASH .Os benefícios do brincar são insubstituíveis na infância

Álvaro Medeiros explica que, ao brincar, o córtex pré-frontal da criança (região do cérebro onde ocorre a maior formação de sinapses) é capaz de liberar substâncias neurotransmissoras encarregadas pelas sensações prazerosas, tais como as encefalinas e endorfinas.

“Os benefícios são insubstituíveis, pois nenhuma criança se desenvolveria caso lhe fosse proibido brincar. Mirando o cérebro, diria que ao brincar se formam sinapses — que é a comunicação entre os neurônios — que crescem em velocidade nunca observada em qualquer outro período da vida”, pontua o médico.

 


Pandemia X Uso de telas

Apesar da importância de brincar, os pais precisam ter alguns cuidados durante as brincadeiras infantis. Em relação ao uso de telas, é importante estar sempre atento às recomendações da Sociedade Brasileira de Pediatria, que recomenda evitar a exposição de crianças menores de 2 anos às telas e limitar o tempo de telas a uma hora por dia, no máximo, sempre com supervisão para crianças com idades entre 2 e 5 anos.

“Quando a criança está brincando é recomendado desligar a televisão, sob o risco de prejudicar a concentração. Alguns jogos eletrônicos são educativos e, inclusive, são utilizados com crianças com desenvolvimento atípico. É sempre importante verificar se o conteúdo é educativo e não envolve violência”, explica a doutora Elisa Altafim.

Brincar exige concentração e as telas devem ficar longe de crianças brincando(Foto: UNSPLASH)
Foto: UNSPLASH Brincar exige concentração e as telas devem ficar longe de crianças brincando

Responsável pela coordenação técnico-científica do Instituto da Primeira Infância (Iprede), o médico Álvaro Medeiros ressalta ainda o contexto excessivo de telas (smartphones, tablets, computadores) e o fato de que muitas famílias vivem em moradias cuja oportunidade de brincar sofre limitações.

São limitações tanto do espaço físico quanto do ambiente fora de casa (insalubre ou perigoso), e muitas habilidades motoras acabam sendo prejudicadas. Por causa disso, vale a pena investir nos vínculos afetivos dentro de casa.

 


Brincadeiras em família

A professora universitária Eugênia Cabral e o jornalista Paulo Pinheiro, pais de Diogo e Elisa, de 3 e 9 anos, respectivamente, têm o hábito de brincar com os filhos como algo essencial na convivência familiar. O pai diz que, com crianças de faixas etárias diferentes, o casal considera importante respeitar os interesses de ambos. Enquanto Elisa gosta de quebra-cabeças e de escrever histórias no computador, Diogo prefere atividades que gerem movimento e que o desafiem.

Eugênia Cabral e Paulo Pinheiro, pais de Elisa, 9 anos, e Diogo, 3 anos(Foto: Aurelio Alves)
Foto: Aurelio Alves Eugênia Cabral e Paulo Pinheiro, pais de Elisa, 9 anos, e Diogo, 3 anos

Para a mãe das crianças, é importante prezar pelo tempo com os filhos após passar os dias da semana trabalhando. “Sem contar que daqui a pouco eles vão virar adolescentes, e a gente é que vai implorar pela atenção deles”, diz ela.

Os pais contam ainda que eles costumavam ser super controlados em casa quanto ao uso de tela, a segunda-feira foi apelidada de “Dia sem tela”. No entanto, a pandemia tornou o convívio muito intenso e difícil, pois as crianças não entendiam que não era possível brincar juntas o dia todo e, assim, eles acabaram perdendo um pouco o controle da utilização de TVs, computadores e celulares.

Aos poucos, a família retomou o hábito de regular os horários e começou a realizar piqueniques na varanda, pinturas em peças de gesso. Juntos, ainda criaram um programa de rádio chamado “Zap da Família”, no qual toda semana enviavam três áudios nos grupos de WhatsApp da família em que os pequenos apresentavam um radiojornal com notícias da semana dentro do próprio lar.

 

 

 

 

Bonecas e crianças

 

Pesquisa denominada “Brincar de bonecas estimula o pensamento e a interação social: representações da linguagem interna do cérebro” aponta que as crianças falam mais sobre as emoções dos outros enquanto brincam com bonecas do que quando jogam no tablet. Os dados foram publicados na Developmental Science por pesquisadores do Centro de Ciências do Desenvolvimento Humano da Universidade de Cardiff, Reino Unido, e da Universidade King's London.

 Por conta da limitação externa do estímulo social e cognitivo durante os dois últimos anos, o estudo da Universidade Cardiff sugere que brincadeiras com bonecas podem oferecer às crianças a oportunidade de simular cenas e interações que aconteceriam no dia a dia. O estudo informa que essas descobertas não estão relacionadas à gênero.

Além disso, por imitarem o que os pais, professores e cuidadores pensam e falam, as bonecas podem servir de modelo para que os pequenos possam recriar o que eles viram e ouviram, ensaiando assim suas habilidades que poderão usar em situações sociais da vida real.

 

Desenvolvimento psíquico e físico

Os conhecimentos da neurociência apontam que o cérebro se forma a partir da interação da criança com o ambiente e com outras pessoas, de acordo com o professor titular de Pediatria da Faculdade de Medicina da Universidade Federal do Ceará (UFC), Álvaro Medeiros.

Isso se dá não apenas em decorrência da carga genética hereditária, dos pais para os filhos, como era proposto pela área há alguns anos. "Brincar prepara o cérebro para a vida e para a experiência de amorosidade com as pessoas. Portanto, torna a vida recheada de momentos de alegria. Ajuda a reduzir a ansiedade, o estresse e a irritabilidade", reforça.

Álvaro Medeiros explica que, ao brincar, o córtex pré-frontal da criança (região do cérebro onde ocorre a maior formação de sinapses) é capaz de liberar substâncias neurotransmissoras encarregadas pelas sensações prazerosas, tais como as encefalinas e endorfinas.

"Os benefícios são insubstituíveis, pois nenhuma criança se desenvolveria caso lhe fosse proibido brincar. Mirando o cérebro, diria que ao brincar se formam sinapses — que é a comunicação entre os neurônios — que crescem em velocidade nunca observada em qualquer outro período da vida", pontua o médico.

Pandemia X Uso de telas

Apesar da importância de brincar, os pais precisam ter alguns cuidados durante as brincadeiras infantis. Em relação ao uso de telas, é importante estar sempre atento às recomendações da Sociedade Brasileira de Pediatria, que recomenda evitar a exposição de crianças menores de 2 anos às telas e limitar o tempo de telas a uma hora por dia, no máximo, sempre com supervisão para crianças com idades entre 2 e 5 anos.

"Quando a criança está brincando é recomendado desligar a televisão, sob o risco de prejudicar a concentração. Alguns jogos eletrônicos são educativos e, inclusive, são utilizados com crianças com desenvolvimento atípico. É sempre importante verificar se o conteúdo é educativo e não envolve violência", explica a doutora Elisa Altafim.

Responsável também pela coordenação técnico-científica do Instituto da Primeira Infância (Iprede), o médico Álvaro Medeiros ressalta ainda o contexto excessivo de telas (smartphones, tablets, computadores) e o fato de que muitas famílias vivem em moradias cuja oportunidade de brincar sofre limitações.

São limitações tanto do espaço físico quanto do ambiente fora de casa (insalubre ou perigoso), e muitas habilidades motoras acabam sendo prejudicadas. Por causa disso, vale a pena investir nos vínculos afetivos dentro de casa.

Brincar em família

A professora universitária Eugênia Cabral e o jornalista Paulo Pinheiro, pais de Diogo e Elisa, de 3 e 9 anos, respectivamente, têm o hábito de brincar com os filhos como algo essencial na convivência familiar. O pai diz que, com crianças de faixas etárias diferentes, o casal considera importante respeitar os interesses de ambos. Enquanto Elisa gosta de quebra-cabeças e de escrever histórias no computador, Diogo prefere atividades que gerem movimento e que o desafiem.

Para a mãe das crianças, é importante prezar pelo tempo com os filhos após passar os dias da semana trabalhando. "Sem contar que daqui a pouco eles vão virar adolescentes, e a gente é que vai implorar pela atenção deles", diz ela.

Os pais contam ainda que eles costumavam ser super controlados em casa quanto ao uso de tela, a segunda-feira foi apelidada de "Dia sem tela". No entanto, a pandemia tornou o convívio muito intenso e difícil, pois as crianças não entendiam que não era possível brincar juntas o dia todo e, assim, eles acabaram perdendo um pouco o controle da utilização de TVs, computadores e celulares.

Aos poucos, a família retomou o hábito de regular os horários e começou a realizar piqueniques na varanda, pinturas em peças de gesso. Juntos, ainda criaram um programa de rádio chamado "Zap da Família", no qual toda semana enviavam três áudios nos grupos de WhatsApp da família em que os pequenos apresentavam um radiojornal com notícias da semana dentro do próprio lar.

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