Casos de morte súbita ou desfalecimento em crianças podem estar associados à apneia. Quem garante é o professor de neurologia da Unifesp, Gilmar Fernandes. Em recém nascidos, por exemplo, isso pode acontecer pela falta de maturidade para dar comando para todos os movimentos necessários para o corpo. "Uma das possibilidades é de que ela (criança) não respirou, mesmo estando com uma taxa elevada de gás carbônico no corpo," afirma.
Neste caso, trata-se de apneia central, que é motivada por questões neurológicas. O quadro é mais comum em crianças, mas pode também estar associado a doenças como a esclerose lateral amiotrófica (ELA). Além disso, é possível que o paciente tenha algum comprometimento do nervo que inerva a musculatura necessária para a passagem do ar ou que o próprio cérebro não dê o comando para que esses músculos façam a respiração.
Durante a infância é também comum que crianças sofram com apneia obstrutiva por estarem expostas a muitas infecções, provocando um aumento das amígdalas e da adenoide. Por volta dos 9 a 11 anos, as estruturas dos pequenos reduzem de tamanho e o ar passa com mais facilidade. O pesquisador alerta, no entanto, que, devido à passagem incorreta do ar durante a infância, nesta fase é possível que a cavidade oral não tenha se desenvolvido como deveria.
Segundo Gilmar, crianças com apneia do sono costumam apresentar dificuldade de controle de impulso, controle emocional e aprendizagem, podendo manifestar quadros ansiosos.
"Pensando na saúde pública, nós temos uma dificuldade muito grande de cuidado e atendimento dessas crianças com hipertrofia ou aumento desses órgãos linfoides, da amígdala e da adenoide. Nós temos uma fila muito grande de crianças aguardando fazer cirurgia, que seria um tratamento muito adequado para essa condição e que até impediria, no futuro, que o indivíduo viesse a ter apneia obstrutiva do sono," explica.