O fator biológico não é o único a ter influência sob a forma como adolescentes se sentem ou se expressam. De acordo com Marleide de Oliveira, questões ambientais e sociais também podem ser fatores responsáveis pela maneira como esses indivíduos agem e constroem suas percepções de mundo.
Nesse contexto, um dos maiores desafios dos pais de adolescentes pode estar em algo que dita cada vez mais regras e costumes: as redes sociais. Com influenciadores esbanjando uma "vida perfeita" nas telas , essas plataformas se tornam armadilhas para quem ainda busca entender seu lugar no mundo.
"(As redes sociais) Podem sim desencadear aumento da ansiedade, depressão, problemas de sono, falta de concentração, isolamento social, obesidade (...) A dificuldade de aprendizagem tem sido bem recorrente dessa questão de ficar muito tempo nas telas e isso tem gerado muito desconforto das famílias", diz a neuropsicóloga do HSM, sobre o consumo exagerado das redes.
De acordo com Fabíola Menezes, esses transtornos podem ser impulsionados pelas imagens geralmente expostas nas redes sociais, "de corpos perfeitos e pessoas que parecem não enfrentar dificuldades". "A partir do momento em que os adolescentes percebem que não conseguem alcançar tal ideal, podem experimentar sentimentos de frustração inadequados e insatisfação", frisa a psicóloga e terapeuta.
Em contraponto, a especialista destaca que a tecnologia digital também pode ter influência positiva sobre o desenvolvimento do adolescente, servindo como uma ferramenta de busca de informações, um meio de entretenimento e até uma forma de ajudar o jovem que tem uma maior dificuldade de interação social. No entanto, é preciso ter um controle para que os benefícios tecnológicos não se transformem em malefícios.
"(Os pais) devem estar muito atentos aos tipos de conteúdos que são acessados pelos filhos e estabelecer um tempo limitado de acesso, incentivando eles a realizar outras atividades que são importantes para o seu desenvolvimento. É fundamental que os pais orientem os filhos de modo consistente em relação a todas essas questões, prevenindo-os sobre os riscos, os casos de pedofilia e outras atividades criminosas que podem ocorrer nas redes sociais", defende ainda a especialista.