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As sequelas em uma vida após a infecção por Covid
Ciência e Saúde

As sequelas em uma vida após a infecção por Covid

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Luciana Costa Guerra, infectada quatro vezes durante a pandemia, apresentou sintomas após a Covid
 (Foto: Samuel Setubal)
Foto: Samuel Setubal Luciana Costa Guerra, infectada quatro vezes durante a pandemia, apresentou sintomas após a Covid

Para grande parcela da população, a vida voltou praticamente ao normal após o período mais crítico da pandemia, marcado por ondas de transmissão intensa com números altíssimos de internações e mortes por todo o mundo. Entretanto, uma parcela convive com sinais, rastros do vírus que passou por ali.

A memória não é mais a mesma. Ter "um branco" de palavras durante conversas e esquecer onde guarda as próprias coisas em casa acontecem com frequência para Luciana Costa Guerra, de 52 anos. Os sintomas apareceram após a Covid-19. Duas das quatro vezes em que ela foi infectada foram no início da pandemia.

Embora não tenha precisado de hospitalização, os sintomas foram intensos. Febre altíssima, dores de cabeça "anormais", 11 kg a menos. "Eu peguei, e, depois, meu marido pegou também. Ele ficou internado. Como tinha que cuidar dele, acabei me infectando de novo", relata a profissional autônoma e estudante. Ela diz que, desde então, tem episódios de sensação de "inflamação na cabeça" e de se sentir "zonza".

"Se eu fizesse muito esforço, tinha a sensação como se fosse desligando meu cérebro, apagando como se fosse uma vela. Quando eu tinha essa crise, tinha que passar dois, três dias de cama sem esforço", descreve Luciana. Os sintomas duraram de forma mais grave até cerca de dez meses após a Covid aguda, mas continuam com menor frequência.

Para ela, as dificuldades de memória foram a pior consequência. "Um dia eu fui ao Centro com o carro do meu marido e deixei no estacionamento. Quando voltei, não lembrava mais a marca, só lembrava que era branco", conta.

Após tratamento de um ano com neurologista, ela percebeu melhora nas dores de cabeça. "Estão mais raras, mas mexeu muito com meu nível de ansiedade, tremores e pernas inquietas. Depois disso, me vi mais fragilizada emocionalmente, afetou muito também a questão do meu sono", compartilha.

Assim como Luciana, Sirley Freire Nogueira, de 41 anos, percebe sintomas que não apresentava antes de ser infectada com a Covid-19. Mas ela já estava vacinada nas duas vezes em que ficou com Covid aguda, em 2022. Em ambas, os sintomas foram leves.

"Na primeira vez, o que me incomodou mais foi a tosse seca, e fiquei por dois dias sem olfato e paladar. Tive febre, moleza por mais ou menos sete dias. Na segunda vez, foi mais leve", diz a secretária executiva.

Ambas estão sendo acompanhadas no Ambulatório de Neurocovid do Hospital Universitário Walter Cantídio. No caso de Sirley, a relação dos sintomas com a Covid longa ainda deve ser analisada. "Eu me sinto esquecendo muita coisa. Estou aqui para participar da pesquisa, considero importante", frisa.

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