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Ceará coordena pesquisa sobre sintomas neurológicos da Covid longa no Nordeste
Ciência e Saúde

Ceará coordena pesquisa sobre sintomas neurológicos da Covid longa no Nordeste

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Neurologistas José Wagner Leonel Tavares Júnior Pedro Braga, respectivamente pesquisador e coordenador do Ambulatório de Neurocovid do HUWC/UFC
 (Foto: Samuel Setubal)
Foto: Samuel Setubal Neurologistas José Wagner Leonel Tavares Júnior Pedro Braga, respectivamente pesquisador e coordenador do Ambulatório de Neurocovid do HUWC/UFC

Pesquisadores de universidades do Nordeste estão começando a realizar estudo com 800 voluntários para avaliar pacientes com Covid longa e sintomas neurológicos persistentes. Pesquisa é coordenada por profissionais do Hospital Universitário Walter Cantídio (HUWC), da Universidade Federal do Ceará (UFC), filiado à Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (Ebserh).

"Conseguimos verba do CNPq para organizar uma Rede Nordestina de avaliação de pacientes com Covid-19 e sintomas neurológicos persistentes", explica o neurologista Pedro Braga, chefe do setor de neurologia e coordenador do ambulatório de Neurocovid do HUWC.

Os pesquisadores detalham que o protocolo de estudo envolve realização de exame de ressonância magnética da cabeça, polissonografia para avaliação do sono, coleta de exames de sangue e avaliação neurológica e neuropsicológica ampla.

"Um dos nossos objetivos é avaliar se pacientes com Covid longa podem evoluir para maior risco de desenvolvimento de doenças neurodegenerativas como doença de Alzheimer e doença de Parkinson", amplia o médico.

Serão 200 pacientes acompanhados em cada instituição, incluindo a Universidade Federal de Alagoas (UFAL), a Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) e a Universidade Federal do Maranhão (UFMA).

Uma primeira fase do estudo foi desenvolvida ainda em 2020, logo após a primeira onda de Covid-19, quando 219 pacientes foram acompanhados pelo Hospital Universitário Walter Cantídio, em Fortaleza. "Nessa época não sabíamos que os pacientes com Covid-19 poderiam apresentar sintomas neurológicos prolongados", explica.

O acompanhamento revelou que mais de 50% dos participantes apresentaram comprometimento cognitivo, mesmo com uma jovem idade média e alta escolaridade média. Além disso, queixas de sono, cefaléia e distúrbios de olfato foram frequentes, próximo a 30 % da amostra.

Também foi encontrada uma alta prevalência de sintomas neurológicos persistentes. Os mais comuns foram alteração da memória/raciocínio (57,9%), dor de cabeça (31,2%), diminuição do olfato (29,4%) e insônia (23,5%). Sintomas depressivos e ansiosos foram também bem frequentes (42,9%).

"Nosso grupo realizou também avaliação neuropsicólogica detalhada em uma parte da população, sendo detectado de fato prejuízo na memória, atenção e redução da capacidade em realizar tarefas", acrescenta o neurologista José Wagner Leonel Tavares Júnior, aluno do pós-doutorado do Programa de Pós-graduação em Ciências Médicas da UFC e integrante do Ambulatório de Neurocovid.

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