Em maio de 2022, Débora Lorena Silva Bezerra Colares, de 42 anos, começou a observar manchas pequenas no braço que pareciam "alguma alergia". Ao longo de uma semana, "as manchas foram se juntando, fazendo umas placas, com pus".
Ela não tinha diagnóstico anterior de psoríase em placas, como ocorre na maioria dos casos. No caso dela, estresse e os medicamentos utilizados para o tratamento de outra doença podem ter sido os gatilhos para a psoríase pustulosa generalizada em Débora.
"Eu tive sorte, encontrei um médico especialista por indicação de uma pessoa do meu convívio. Mas muitas pessoas demoram a ter diagnóstico", relata a analista de planejamento.
Primeiramente, ela fez tratamento com corticóide, em pomada e comprimidos, para controlar a crise, que foi do "dedo do pé ao couro cabeludo". No período, ela passou a trabalhar em home office.
Dos membros, as pústulas passaram para tronco, pescoço e rosto. "Não conseguia abrir o olho direito", lembra. Ela descreve o sintoma "como se fosse uma queimadura, mas sem dor. Sentia ardência e sensação de queimado".
"Um dia, tive que fazer um exame e eu estava no pico (da crise), em carne viva. Eu fui para o hospital um farrapo. Fui toda coberta, com o mínimo de partes do meu corpo de fora para as pessoas não verem. Dá a impressão que é contagioso, as pessoas não chegam perto. Eu nem julgo porque realmente é muito feio e as pessoas não sabem o que é", compartilha.
Ela contou que, na época, começou a fazer terapia. "Era muito difícil controlar a questão emocional. Você se olhar no espelho e se ver daquele jeito. Eu pensava: 'Nunca mais a minha pele vai voltar a ser como era antes'. Achava que aquelas feridas iriam deixar marcas, cicatrizes que eu ia carregar comigo para sempre", lembra.
Atualmente, ela é tratada com um imunobiológico subcutâneo. Sem marcas no corpo, ela comemora o "controle" da doença. "Depois da crise, não apareceu mais nada". Como o relato de Débora demonstra, conviver com uma doença como a PPD demanda acompanhamento psicológico.
"Lidar com as crises decorrentes da doença não é tarefa fácil, mas pode ser bem mais amena se o paciente contar com um rede de apoio consolidada, amigos, familiares e profissionais. Assim como buscar conhecimento contínuo sobre seu quadro clínico", avalia Rosângela Queiroz, psicóloga clínica do Instituto de Especialidades Integradas.
A psicóloga pormenoriza que a pele é um órgão que tem um grande simbolismo psíquico desde nosso primeiro instante de vida. "Somos tocados através da pele, é por ela que recebemos aconchego, carinho é por ela que detectamos sensações de conforto ou desconforto, além de ser o maior órgão de nosso corpo", relaciona.