Estar exposto ao calor e a altas temperaturas é um risco em qualquer idade, mas tendem a ser maiores para crianças e idosos. As crianças perdem líquidos mais rapidamente e dependem de cuidados extras para reforçar a hidratação diária. "Elas têm dificuldade na comunicação para pedir a ingestão de líquidos, e a taxa metabólica da criança é diferente da do adulto, onde requer uma quantidade maior de líquidos", informa o dermatologista Cláudio Dias.
No caso dos idosos, a médica cardiologista Thaís Moreno explica que o público não sente sede porque há um envelhecimento natural das papilas gustativas. Com isso há a perda da capacidade do reconhecimento da desidratação e dificuldade de manter-se hidratado. Além disso, existe ainda o público acamado que tem necessidade maior de atenção para manter a hidratação do corpo diante do calor.
O calor também pode aumentar o risco em trabalhadores que estão expostos ao sol, como vendedores ambulantes. O vendedor de água e água de coco Maurício Feitosa, 41, que trabalha no Centro de Fortaleza todo dia, das 8 às 14 horas, sente o incômodo do calor. "A temperatura está fora do normal. Cansa muito rápido, me deixa incomodado e estressado", cita.
Ainda segundo Maurício, para tentar se proteger da exposição às altas temperaturas, ele começou a usar roupas mais leves e longas e adotar meios para amenizar a sensação térmica. "Venho de boné, calça e blusa longa. Eu trago água e coloco gelo por cima e, ao longo do dia, molho minha cabeça para tentar resfriar e aguentar o dia", conta.
A estudante Patty Souza, 40, que pratica atividade física ao ar livre, principalmente corrida, precisou mudar alguns hábitos devido ao calor em Fortaleza. Ela começou a sentir tonturas, desconforto, falta de ar e náuseas em virtude do calor durante as atividades, então passou a correr em um horário mais cedo.
"Eu começava a treinar às 5h30min e agora é às 5 horas porque quando dava 6h20min, o sol já incomodava", conta. Ainda segundo a estudante, roupas mais leves, viseira e protetor solar são alguns cuidados que ela intensificou para proteção ao sol e a hidratação para amenizar o efeito do calor.
O estudante e professor de Inglês Rodrigo Sampaio, 33, passou a sair de casa com chapéu e óculos escuros. Há seis meses desde que saiu da Colômbia e retornou à Fortaleza, a readaptação ao calor está difícil. Ele conta que não se recordava de sentir tanto os efeitos da condição climática.
"Tinha me desacostumado com o calor, e agora há uma necessidade de beber água a todo momento. Quando está muito quente eu sinto a respiração afetada, tudo fica seco e tenho algumas crises de rinite, além de muita dor de cabeça e sempre o cansaço. A busca é por se proteger ainda mais diante das altas temperaturas", garante.