Para a nossa sorte, existe uma categoria humana de curiosos irremediáveis: os cientistas. Desde o século XVIII, eles monitoram o Sol sem pausas, possibilitando a compreensão sobre a relação dos números de manchas solares e as tempestades; a medição de tempo para cada uma chegar no planeta; e também o efeito delas na vida dentro e fora da atmosfera.
Com séculos de observação, eles ainda têm milhares de perguntas para responder sobre o Sol, incluindo o porquê de existirem erupções solares e o aumento de manchas.
No Brasil, a geofísica Claudia Medeiros integra a equipe de controladores de satélites do Inpe. Assim que uma erupção ocorre, ela analisa o tipo de tempestade e segue para a ação. A tendência é imaginá-la com a testa suada e o coração acelerado, digitando diversos códigos no teclado e girando uma chave para apertar um botão vermelho de alerta para desligar urgentemente os satélites e avisar aos aviões mais próximos: não decolem!
Na prática, é mais simples. Ela dá um golinho de café, faz algumas estimativas e aperta um botão. Rapidamente, um satélite é desviado ou desligado. Sem surtos, sem códigos vermelhos. Acontece todo dia: tempestades solares são comuns.
"Eu tenho lá na minha tela uma previsão. Então aparece lá: a gente vai ter uma tempestade magnética. Amanhã deve chegar aqui, ela deve vir numa intensidade dois ou três", descreve Claudia. "Eu sei que eu tenho um satélite que tá precisando de uma manobra… Então eu vou mandar uma manobra, mas eu não vou mandar naquele dia, porque pode ser que não chegue no satélite. Eu posso esperar para poder fazer uma correção mais assertiva. Eu posso usar o dado que eu receber do sistema de clima para colocar no meu modelo e fazer uma correção mais adequada", comenta.
"Prevendo as tempestades, já monitorando e sabendo certinho, é basicamente apertar um botão e desligar ou desviar através de controle mesmo", ri Roberta Duarte, astrofísica da IAG-USP.
A mesma lógica é aplicada às comunicações de navios, submarinos e aviões. Informados sobre as futuras tempestades, eles simplesmente mudam a frequência da comunicação, ou então desviam rotas (no caso dos aviões) para proteger a tripulação da exposição à radiação.