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O que muda na gravidez avançada
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Ciência e Saúde

O que muda na gravidez avançada

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A idade materna avançada carrega ou pode carregar algumas condições e particularidades, atreladas a algumas situações, segundo Luciana Patrício, ginecologista obstetra com especialização em gestação de alto risco.

"Por isso que a gente separa idade materna avançada e gestação na adolescência das demais, porque têm particularidades. Há situações que podem levar a um risco. No caso do outro extremo, da adolescência, é uma vulnerabilidade", explica Luciana.

Na lista de riscos, Luciana elenca o abortamento espontâneo, o aumento das chances de anomalias cromossômicas ou congênitas, a morbidade perinatal, associado ao baixo peso ao nascer ou à prematuridade, e gestações múltiplas, por ser uma faixa etária que as mulheres realizam mais procedimentos de fertilização in vitro (FIV).

Também há mais chances de a mulher desenvolver diabetes gestacional e pré-eclâmpsia (aumento da pressão arterial na gravidez). No caso de mulheres que já têm diabetes tipo 2 ou são hipertensas, mas as controlam com medicações, os cuidados com a saúde também devem ser maiores.

Porém, Luciana reforça que, independentemente da idade, os cuidados para quem planeja uma gravidez ou quem já está gestante são os mesmos.

"Primeiro são hábitos de vida. Se você não tem bons hábitos, é preciso modificar e melhorar a dieta. Segundo é a prática de atividade física. E tem também a questão de sobrepeso ou obesidade", explica Luciana. A perda de 5% a 10% do peso já reduz consideravelmente esses riscos, em especial a hipertensão.

Outro cuidado indicado para a saúde tanto do feto quanto da mãe é a realização de exames. O primeiro ultrassom morfológico está na lista dos mais esperados, porque analisa o marcador de translucência nucal.

Por meio dele, são analisados marcadores de ducto venoso e válvula tricúspide (do coração). Ele faz o cálculo de risco das principais cromossomopatias, a trissomia do cromossomo 13, conhecida como síndrome de Patau; a trissomia do cromossomo 18, chamada de síndrome de Edwards, e a trissomia do cromossomo 21, a síndrome de Down.

"Além de calcular o risco de cromossomopatias, a gente também vai calcular o risco para desenvolver pré-eclâmpsia precoce, que seria antes de 34 semanas. Com a idade materna avançada, a gente sabe que esse risco pode aumentar se essa é a primeira gestação", descreve Luciana.

A soma dos fatores idade, primeira gestação e fertilização in vitro resultam nos critérios para realizar profilaxia para a pré-eclâmpsia. A prevenção conta com um procedimento simples, que consiste em uma dose diária de aspirina durante a gestação, assim como a reposição de cálcio.

Já a diabetes gestacional pode ser acompanhada desde o início da gestação, e o controle da produção de insulina é feito, muitas vezes, apenas com uma alimentação saudável e a prática de atividades físicas. Caso contrário, faz-se necessário o uso da substância.

Luciana explica ainda que a escolha da via de parto é regada a muitos mitos e medos, sejam eles pela longa caminhada na fertilidade, por perdas gestacionais prévias ou até por desinformação. "A via de parto vai de acordo com o status materno fetal na reta final da gestação."

As indicações de cesariana acontecem apenas em casos e condições mais graves, como pré-eclâmpsia associada à Síndrome de Hellp, apresenta a obstetra.

E completa: "A nossa classe leva a mulher a acreditar que optar e permitir um parto normal, fisiológico e seguro, é como se estivesse colocando em risco a saúde do bebê".

"Não existe ausência de risco. A gente fala de gestações de risco habitual, porque o risco ele já existe, só de estar vivo, já existe. Pensar que uma uma via de parto que é fisiológica, que é o parto normal, ser mais arriscada que uma cirurgia é muito errado", completa.

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