Um dos pilares essenciais para se pensar a formação médica no Brasil é o pensamento crítico necessário ao futuro médico. É o que defende Denizar Vianna, professor titular da Faculdade de Medicina da Universidade Estadual do Rio de Janeiro (Uerj) e ex-secretário de Ciência, Tecnologia, Inovação e Insumos Estratégicos do Ministério da Saúde. "Os desafios na formação médica o Brasil" foi tema de debate em Workshop de Jornalismo em Saúde promovido pelo Hospital Sírio-Libanês, em São Paulo, na última segunda-feira, 12.
Na perspectiva de Vianna, "a Medicina é uma ciência da incerteza e arte da probabilidade", disse em entrevista ao O POVO após o evento. "À medida que a complexidade do conhecimento médico aumenta em função do desenvolvimento de novas tecnologias — nós estamos falando de terapias gênicas, terapias celulares — os métodos para avaliar pesquisa e o uso judicioso delas requer do médico um aparato crítico para que ele possa ter as melhores ferramentas para fazer as melhores escolhas diante disso", avalia.
No contexto brasileiro, ele aponta a escassez de vagas na residência e a necessidade de aprimoramento contínuo como desafios para a formação. Vianna aponta, contudo, a diversidade étnica e regional da população brasileira como um trunfo, "proporcionando aos estudantes uma rica bagagem de experiências".
Segundo ele, a inteligência artificial tem largo potencial como ferramenta de apoio ao diagnóstico e tratamento na medicina. Mas o médico enfatiza que a IA não substitui a arte do acolhimento e a relação médico-paciente. Ele defende que IA deve ser utilizada com critério e olhar crítico, auxiliando o médico em suas decisões sem dar a palavra final.
Durante o debate, Christian Morinaga, coordenador da graduação de Medicina da Faculdade Sírio-Libanês, frisou a importância da habilidade no uso da IA para a formação médica. Ele destacou que a ciência básica e a prática médica não devem ser vistas de forma dicotômica.
A repórter foi ao evento a convite do Sírio-Libanês.