Excesso de trabalho, ansiedade, depressão, estresse, uso de substâncias diversas, uso exagerado de celular, má alimentação e sedentarismo: esses são alguns dos diversos exemplos de questões que estão afetando diretamente o sono da sociedade moderna atual.
Foi durante as noites mal dormidas e as inúmeras madrugadas acordado que o publicitário Fernando Matias (nome fictício) logo começou a sentir as consequências da falta do sono. O jovem de 29 anos, na época com 20, trabalhava como operador de telemarketing e ainda era estudante universitário.
O excesso e a pressão do trabalho, que desencadearam fortes crises de ansiedade, logo começaram a ser responsáveis por deixar Fernando "desperto" durante a hora de dormir. "Ao me deitar vinham mil pensamentos, problemas e angústias para o dia seguinte que me impediam de relaxar, mesmo me sentindo cansado", relata.
O tratamento via medicação logo veio, como uma "mágica" na vida de Fernando. Era instantâneo o efeito: dormia e acordava com energia no dia seguinte. "Eventualmente, tive que deixar essa medicação. Sentia que estava criando uma dependência, e esse era um grande medo meu: não conseguir voltar a dormir naturalmente sem a medicação", diz.
Segundo ele, não sentia que tinha um sono de qualidade como deveria enquanto tomava o remédio, mesmo dormindo o necessário. O sentimento de uma boa noite de sono só veio com o desmame abrupto da medicação, o tratamento psicológico, a diminuição do ritmo na faculdade e a saída do emprego.
"Hoje em dia, minha relação com o sono ainda não é das melhores. Não sei se é uma sequela ou se meu corpo se acostumou a ficar acordado até mais tarde. Na verdade, adaptei minha rotina a isso. Tento compensar no fim de semana as horas que não consigo dormir nos dias úteis", finaliza
Ganho de peso e a dissociação do cérebro em momentos que exigiam raciocínio rápido durante o dia foram as primeiras consequências.
"A ansiedade, que era o motivo da insônia, ficou mais aguda e intensa. Tinha acessos de raiva, irritava-me facilmente e passei por momentos depressivos. Foi uma época bem complicada e intensa para minha saúde mental", lembra.