Para a realização do estudo sobre as memórias afetivas, foram selecionados adultos saudáveis estimulados com imagens com aspectos afetivos positivo, negativo e neutro antes do sono, como medo, alegria ou apatia. Após alguns minutos, eles foram despertados em diferentes estágios do sono.
Após despertar, os participantes descreviam oralmente o que tinham visto antes e durante o sono, além de atribuir nota de 1 a 10 à experiência afetiva do sonho. A partir disso, as descrições foram analisadas com base no processamento de linguagem neural, que faz o cálculo de "similaridade semântica" entre o estímulo original e o sonho. A atividade cerebral dos participantes foi monitorada por um medidor, buscando correlatos neurais para essas transformações.
Natália explicou a metodologia usada: "A exemplo, expomos uma das pessoas a uma imagem bem negativa: uma cabeça decapitada em uma estaca de madeira. Quando recebemos o relato do sonho, a pessoa estava adormecida no carro, com a cabeça pendendo para o lado de fora da janela. Pelo retrovisor, ela vê um pequeno coelhinho".
E acrescentou: "A partir disso, vemos que houve um desacoplamento da imagem inicial. Uma nota negativa na imagem tende a ser uma nota de neutralidade após o processamento da emoção". Os resultados apresentados reforçam a ideia de que o sono desempenha um papel fundamental na regulação emocional e permite processar experiências do dia de uma forma mais neutra, ajudando a lidar melhor com fortes emoções ou traumas. Essa também é uma nova maneira de quantificar como os resíduos de dia estão presentes nos sonhos, o que já é debatido há muito tempo na neurociência. As descobertas podem gerar novas investigações sobre o processamento de emoções.