Os ambientes da família e da escola desempenham um papel crucial na prevenção e no manejo da obesidade infantil. Um dos grandes desafios no tratamento, segundo a endocrinologista Délia Oliveira, é o diagnóstico tardio.
"Muitas vezes, as famílias não acreditam que a criança está obesa, mesmo quando mostramos as curvas de crescimento, que são visualmente claras. Isso porque, na maioria dos casos, os próprios pais também convivem com a obesidade", explica Délia Oliveira.
A construção de hábitos saudáveis na infância começa em casa. A criança está inserida em um ambiente com padrões já estabelecidos e tende a replicar o que observa. Se a família tem uma alimentação inadequada, é pouco ativa ou passa horas em frente às telas, dificilmente a criança seguirá outro caminho. A nutricionista materno-infantil Bianca de Oliveira Farias é enfática: "Se a família não comer bem, a criança não vai comer bem. Se os adultos são sedentários, a criança também será. As mudanças só acontecerão se toda a casa estiver envolvida."
A influência familiar é decisiva não apenas na formação dos hábitos alimentares, mas na relação da criança com o corpo, o movimento e a saúde como um todo. "A criança não tem autonomia para escolher sozinha seus hábitos. Pais, responsáveis e professores são exemplos e guias no processo de educação alimentar e de estilo de vida", complementa Délia Oliveira.
Guilherme Martins, de 10 anos, apresentava desde cedo sinais de predisposição ao sobrepeso. Daniela Martins, sua mãe, percebeu os indícios e agiu rapidamente para criar um ambiente que promovesse equilíbrio e boas escolhas para o filho. Na prática, essa transformação de hábitos começa com decisões diárias. Ela relata que as primeiras mudanças na rotina familiar "começaram no supermercado, comprando mais verduras e frutas, e oferecendo-as nas horas adequadas".