O transplante cardíaco é considerado o tratamento padrão-ouro para a insuficiência cardíaca terminal. No entanto, sua longevidade — a sobrevida média global pós-transplante — tem se mantido estagnada.
Essa estagnação reflete um conjunto de limitações que ultrapassam a dimensão técnica da cirurgia — que permanece a mesma há cerca de 40 anos. Para o cirurgião cardiovascular, Dr. Fernando Figueira, o verdadeiro desafio do transplante não é mais o ato cirúrgico em si, mas a superação de limites biológicos, sistêmicos, operacionais e sociais.
Do ponto de vista biológico, o especialista explicou em uma das palestras durante o congresso que a rejeição crônica, as infecções e as neoplasias permanecem como causas relevantes de deterioração tardia. Mesmo com avanços tecnológicos e imunológicos, esses progressos ainda não se traduziram proporcionalmente em aumento de sobrevida.
"A principal causa de perda tardia de enxerto segue sendo a vasculopatia do enxerto, uma complicação comum após transplante de órgãos sólidos de evolução assintomática. Outros desafios, como pacientes sensibilizados, aumento de neoplasias sólidas pós-transplante e equilíbrio delicado entre risco infeccioso e risco oncológico seguem sendo dilemas permanentes", afirma.
O cirurgião lembra que a transição demográfica brasileira acentua ainda mais essas limitações.