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Câncer de próstata: avanços para a cura
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Ciência e Saúde

Câncer de próstata: avanços para a cura

| Novembro azul | Em 2024, o Ceará registrou mais de 600 mortes pela doença, embora novos tratamentos tenham futuro promissor
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Criado em 2003, na Austrália, o Novembro Azul é uma campanha global que visa estimular a prevenção ao câncer de próstata (Foto: Pexels)
Foto: Pexels Criado em 2003, na Austrália, o Novembro Azul é uma campanha global que visa estimular a prevenção ao câncer de próstata

O câncer de próstata é o mais incidente entre os homens. Sem apresentar sintomas em seus estágios iniciais, período com maior chance de cura (cerca de 90%), sua ocorrência tem acometido uma população maior. Pelos dados do Instituto Nacional de Câncer (INCA), para 2025 estão estimados aproximadamente 71,7 mil novos casos de câncer de próstata no Brasil.

Os maiores índices de mortalidade pela doença estão no Norte e no Nordeste, em função dos diagnósticos tardios nessas regiões. Em 2023, o Brasil registrou mais de 17.258 óbitos e, em 2024, houve um aumento de 2%, com 17.587 óbitos. O Ceará concentrou 685 dos quase 5 mil óbitos registrados em 2024.

Os dados do Ministério da Saúde revelam que o número de atendimentos por câncer de próstata em homens com até 49 anos cresceu 32% entre 2020 e 2024, passando de 2,5 mil para 3,3 mil procedimentos no Sistema Único de Saúde (SUS).

Entre os homens acima dos 50 anos, a idade recomendada para o rastreio, o volume de atendimentos foi maior (250 mil em 2024), mas com um crescimento proporcional menor. Ou seja, o número de novos casos da doença está surgindo na população mais jovem.

O médico urologista Pedro Filgueira explica que o principal destaque da campanha deste ano é reforçar não somente a prevenção e o diagnóstico precoce, mas também a atenção às demais doenças que acometem os homens, como as doenças benignas da próstata e as doenças cardiovasculares.

"Esses alertas têm grande importância porque ajudam a prevenir os principais problemas de saúde que afetam a população masculina, reduzindo complicações, diagnósticos tardios e o aparecimento de doenças de alta mortalidade entre os homens", afirma.

Em Fortaleza, segundo Lucas Marinho, urologista do Instituto do Câncer do Ceará (ICC), o cenário continua desafiador no que envolve a busca pela assistência médica por parte do homem.

"O homem tende a buscar menos assistência médica. Tentamos fazer com que ele vá mais ao médico, se cuide mais e faça os exames de rastreio, já que o quanto antes for o diagnóstico, melhor será a resposta ao tratamento. O recomendado é a partir dos 50 anos para a população em geral, e a partir dos 40 anos para aqueles com fatores de risco, como histórico familiar e raça", afirma.

Sobre o maior risco relacionado ao câncer de próstata na população negra, não há uma explicação bem definida, segundo Lucas Marinho, que explica que existe uma maior predisposição genética, mas não há uma explicação mais aprofundada por falta de estudos sobre o tema.

"É mais um dado observacional, e obviamente temos que ficar mais atentos. Geralmente tratamos com um pouco mais de rigor o paciente negro, já que, em geral, eles tendem a ter um desfecho menos favorável do que o restante da população", destaca.

Sobre o exame de rastreio, algumas novidades vêm surgindo, como a biópsia pela via transperineal, que reduz significativamente as complicações infecciosas quando comparada à técnica transretal tradicional. No entanto, o exame de sangue com PSA (Antígeno Prostático Específico) e o toque retal ainda são os métodos de diagnóstico.

"Estudos recentes evidenciaram uma redução de até 13% dessa mortalidade fazendo o rastreio com PSA. No entanto, algumas vezes, o paciente pode ter um nódulo prostático palpável só no exame de toque, mesmo apresentando o PSA normal. A união desses exames é o mais recomendável", comenta o urologista.

Hoje, alguns tratamentos mais modernos, além da radioterapia, já são realidade, principalmente na parte cirúrgica, com a cirurgia robótica. Lucas Marinho explica que esse método vem sendo bem utilizado e reduzindo cada vez mais a mortalidade.

Ele comenta que na rede pública, e no ICC, programas vêm incorporando o acesso à cirurgia robótica, principalmente aos pacientes do SUS, proporcionando uma melhor recuperação aos pacientes. Porém, um dos principais empecilhos ainda são os custos para essa incorporação.

"Com o auxílio de um robô, são possíveis vários movimentos ao cirurgião que não eram possíveis antes, além de uma melhor visualização das estruturas pélvicas, abordagem e preservação de estruturas importantes para a recuperação do paciente", diz.

 

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