Um curtume que processa 3 mil peles bovinas salgadas/dia consome aproximadamente 5.063 m³ de água/dia, o equivalente ao consumo diário de uma população de 27.980 habitantes. A estudante do curso técnico em meio ambiente Havilla Matos, 26, fez parte da equipe de Joana D'Arc Félix de Sousa que desenvolveu um projeto para tornar esses efluentes industriais em água potável. Para filtrar a água, foram utilizadas escamas de tilápia, resíduos sólidos da indústria pesqueira.
"Aqui em Franca a gente tem um problema muito sério, porque como a gente trabalha com muito couro, as águas poluídas estavam poluindo ecossistemas e gerando problemas para a cidade. Procuramos gerar uma solução", relata Havilla. A água proveniente dos curtumes apresenta substâncias tóxicas para o meio ambiente, como os corantes, o cromo e o sulfeto de sódio. Com a pesquisa, esses elementos conseguiram ser retirados, e a Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp) avaliou o produto final não apenas como sem contaminantes, mas como potável.
A estudante aponta que o reaproveitamento, além da questão ambiental, tem ótimo custo benefício. Segundo ela, foi gasto apenas R$ 1,86 para o tratamento de cada tonelada de água. "Sairia muito mais barato para a indústria porque não precisaria comprar água. A própria indústria pode reutilizar várias vezes", defende. Além disso, os resíduos retirados da água podem ser utilizados posteriormente como fertilizantes e as escamas usadas no processo podem ser aproveitadas como couro na indústria têxtil.
A pesquisa foi desenvolvida durante um ano, foi apresentada na Feira Brasileira de Iniciação Científica (Febic), e recebeu prêmio de segundo lugar no Eixo de Engenharia. O projeto também será apresentado no México em julho de 2019.