Para que influencie positivamente no desenvolvimento integral das crianças, o esporte precisa ser escolhido por elas e exercitar, sobretudo, o bem-estar individual e social. "A questão física, hoje em dia, é detalhe", considera Marcelo Roberto, pós-graduando em educação física escolar e motricidade. "É importante se sentir bem. E, não, entender como coisa opressora".

Quando não está na universidade, Marcelo é o professor "Testa". Ensina capoeira a crianças a partir de 3 anos e se orgulha em dizer que essa é uma das poucas modalidades esportivas em que o encantamento costuma chegar primeiro aos pequenos e, só depois, aos pais. "Crianças que escolhem a capoeira, na maioria das vezes, experimentam e veem o diferencial. Por causa da música, da brincadeira, do coletivo, da interação", afirmou. Além disso, lembra se tratar de uma atividade diretamente associada à história e cultura do Brasil.

Testa também ressalta que, num contexto em que as brincadeiras de rua estão diminuindo e que as crianças estão com cada vez menos repertório de experiências que desenvolvam a capacidade própria de "cair e se levantar", é preciso explorar técnicas, brincadeiras e espaços que possibilitem isso a elas. "Hoje, tem muito tatame nas escolas, muita proteção. Procuro levar as crianças para os desafios, para que elas consigam experimentar uma condição diferente e criar uma movimentação em cima daquela dificuldade. Como é a vida".

Momentos de crescimento individual por meio do esporte são tão importantes quanto os de interação social. "Sempre que possível, faço a sugestão de uma atividade física individual e outra coletiva. Acredito que, assim, as crianças ampliem as possibilidades de desenvolverem metas pessoais e outras que favoreçam suas habilidades sociais", recomenda a psicóloga infantil Felícia dos Santos.