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Rede de assistência a pessoas que têm ideiação suicida ainda é falha
Ciência e Saúde

Rede de assistência a pessoas que têm ideiação suicida ainda é falha

Profissionais que trabalham na prevenção ao suicídio apontam falta de atendimento para pacientes e falta de assistência para familiares e amigos das vítimas
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Se o atendimento público de pacientes com ideação suicida é carente, a assistência aos familiares das vítimas é praticamente inexistente, apontam psicólogos e psicanalistas. Eles reclamam da falta de estrutura para atendimento emergencial e acompanhamento hospitalar de pessoas com transtorno mental ou que precisam de auxílio psicoterápico.


A preocupação dos profissionais é que a ideação suicida não possa ser interrompida a tempo. E, quando for, o paciente sofra sem atendimento médico e o ato seja repetido. “Não temos acessibilidade rápida para essas pessoas que estão sob risco de suicídio. No Brasil, não há plano para isso, seja federal, estadual ou municipal”, critica o coordenador do Programa de Apoio à Vida (Pravida), Fábio Gomes de Matos.


Segundo ele, como as famílias normalmente não têm orientação adequada para identificar comportamento suicida, é necessário ajuda profissional para saber como tratar a gravidade do quadro. “Se não tratarmos bem a depressão, o transtorno bipolar, o abuso de álcool e drogas e os transtornos de personalidade, nunca vamos diminuir as taxas de suicídio”, afirma.

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A Organização Mundial de Saúde (OMS) orienta que haja 0,45 leitos psiquiátricos para cada mil habitantes. Contudo, Cláudio Meneghello Martins, diretor-secretário da Associação Brasileira da Psiquiatria (ABP), aponta que a rede de assistência brasileira não chega aos padrões indicados. “Quando a ideação é muito intensa, com plano qualificado para o ato, por exemplo, é necessário internação hospitalar para proteção da pessoa e da família”, diz.


Em Fortaleza, a rede de assistência dispõe de seis Centro de Atenção Psicossocial (Caps) para atendimento de pessoas com problemas psiquiátricos. Outras seis unidades são voltadas para pacientes necessitando de ajuda contra álcool e drogas, além de uma unidade para atendimento infantil. Ao todo, eles devem atender cerca de 2,6 milhões de fortalezenses. Uma média de 430 mil pessoas para cada unidade.


Atendimento

“Ou não se consegue atendimento ou a família não é atendida no tempo adequado. Dizem: ‘procura o Caps’. Olha, se for assim, não vai rolar. A questão do suicídio não dá para marcar para a próxima semana ou para o próximo mês, tem que ser agora”, defende Gomes de Matos.

 

Para ele, os Caps são ineficientes se estiverem fora de uma rede de assistência. “Tem que ter o posto, o CAPS, o hospital, o ambulatório, uma equipe de visitas. E as famílias precisam ser esclarecidas, ter acesso à informação. Tudo é importante nesse processo”, comenta.


O POVO procurou as secretarias da Saúde do Estado e do Município, além do Ministério da Saúde, mas os questionamentos sobre a abrangência da rede de assistência, o atendimento às famílias e os locais onde os serviços são oferecidos não foram respondidos.

Igor Cavalcante

 

SAIBA MAIS


Neste domingo, ocorre a caminhada da campanha Setembro Amarelo, na Beira Mar, em alusão ao Dia Mundial de Prevenção ao Suicídio.


No dia 30 de setembro, a Capital recebe a II Jornada da Associação Cearense de Terapia Familiar. Neste ano, será discutido o suicídio como sintoma contemporâneo.


O evento começa às 8 horas e segue ao longo da tarde, no Iprede (rua Professor Carlos Lobo, 15, Cidade dos Funcionários). As inscrições custam R$ 50 para não associados. A organização pede uma caixa de leite a todos que forem participar. Mais informações: (85) 9 9966 7300.

 

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