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De acordo com a Sociedade Brasileira do Cabelo, cerca de 42 milhões de brasileiros sofrem de calvície. A perda progressiva de cabelo atinge metade dos homens acima dos 50 anos. O problema pode estar relacionado a vários motivos como anemia, higiene inadequada do couro cabeludo, diabetes, estresse, alterações na tireóide e uso de tinturas. A causa mais freqüente, no entanto, é hereditária. Trata-se da alopecia androgenética (AAG).
A doença provoca a miniaturização dos pelos do couro cabeludo e leva à diminuição progressiva dos cabelos. A população feminina está sujeita à calvície, mas os homens são mais afetados porque a queda do pelo tem relação com a testosterona, o hormônio masculino, que também é produzido por mulheres, mas em menor quantidade.
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"A testosterona se liga a um receptor (proteína) que fica na membrana da célula do pelo. Quando este hormônio se liga neste receptor, ele é transformado em outra substância chamada di-hidrotestosterona (DHT), que vai induzir ao processo de miniaturização do pelo", explica a professora Genúncia Matos, do Departamento de Medicina Clínica da Universidade Federal do Ceará (UFC).
O médico dermatologista Leonardo Spagnol, da Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD), explica que o aparecimento da calvície não está ligado à quantidade dos hormônios andrógenos (masculinos). "Todo mundo tem uma quantidade de testosterona, o DHD, e independente de ter um índice baixo ou alto, você pode desenvolver a alopecia se você tiver susceptibilidade genética", afirma o especialista.
Segundo Leonardo, estudos científicos apontam que entre 70% e 80% dos homens acima de 60 anos possuem algum grau de calvície. Já entre o grupo feminino nesta mesma faixa etária, a estatística fica em torno dos 50%.
"Percebi quando eu tinha 25 anos. Primos meus mais novos já estão carecas", conta João Paulo Araripe, hoje, com 39 anos. O empresário diz que as partes mais afetadas são o alto da cabeça e as entradas. Isso é porque nos casos masculinos, a doença provoca rarefação capilar na coroa e na região frontal (entradas). Nas mulheres, a região central é a mais acometida.
A doença pode iniciar a partir da puberdade, quando inicia o surgimento do estímulo hormonal nos indivíduos, e faz com que os fios nasçam progressivamente mais finos a cada novo ciclo do cabelo.
"Quando começa, muitas vezes você não percebe. Começa apenas com a diminuição da espessura do cabelo", atenta Genúncia.
Especialistas relatam que casos avançados de alopecia androgenética em pessoas mais jovens têm se tornado comuns devido aos tratamentos com reposição de hormônios, como a modulação hormonal com testosterona. "As pessoas que têm calvície e usam o hormônio masculino por qualquer motivo, para ficar forte ou para emagrecer, podem acarretar em uma piora muito grave e rápida", alerta Leonardo.
Ainda sem cura, a doença possui, entretanto, tratamentos eficazes e variados, que que podem incluir a utilização de fármacos e aparelhos que estimulam a produção de colágeno, laser, aplicações de substâncias no couro cabeludo e, por fim, o transplante capilar.
Um caminho para a cura
Pesquisa publicada na revista médica PLOS Biology no início deste ano aponta para a descoberta de uma potencial cura para a calvície.
A solução estaria num remédio originalmente criado para tratar a osteoporose. Durante testes, cientistas da Universidade de Manchester identificaram que a droga teve um efeito forte sobre os folículos pilosos, estimulando-os a crescer. Ela contém um componente que tem como alvo uma proteína que atua como um freio no crescimento do cabelo e seria uma das responsáveis pela calvície.