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Especialistas se preocupam com experimentação precoce
Ciência e Saúde

Especialistas se preocupam com experimentação precoce

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Com essências de melancia, morango, uva, chocolate e uma infinidade de sabores, uma das maiores preocupações de médicos e especialistas com o cigarro eletrônico é que ele provoque a experimentação e o ingresso no vício da nicotina cada vez mais cedo, ao atrair crianças e adolescentes. Nos EUA, onde a venda do dispositivo é legalizada, o uso aumentou 900% entre alunos do ensino médio no intervalo entre 2011 e 2015, conforme estudo da US Surgeon General. Em 2017, mais de 2 milhões de estudantes americanos em nível escolar declararam serem usuários regulares.

"É um grande perigo para esses adolescentes. É uma porta de entrada para a dependência tabágica", destaca a coordenadora do programa de controle de tabagismo do Hospital de Messejana, Penha Uchoa. O otorrinolaringologista do Instituto José Frota (IJF) Roberto Alencar se preocupa de a dependência criada precocemente possa evoluir. "O grande problema é que pode induzir as pessoas a procurar drogas mais fortes", avalia.

Um dos criadores de grupo de vapes em Fortaleza com 550 membros conta que, no geral, as pessoas que pedem para entrar são fumantes que pretendem largar o vício. Ainda assim, aparecem às vezes jovens que querem utilizar o cigarro eletrônico só pela experimentação. Segundo o organizador, que não quis se identificar, eles não são aceitos; há uma regra de membros apenas acima dos 21 anos. "Esse pessoal jovem a gente não deixa entrar porque vai adquirir um vício. Eu já botei um bocado para fora, a gente aconselha logo para não entrar", diz.

A médica veterinária Angélica Vasconcelos, 30, é uma das que experimentou nicotina pela primeira vez devido ao vape. Ela sentiu vontade de usar o dispositivo ao ver seu namorado vaporar. Ela nunca havia fumado cigarros comuns. "Aquela quantidade de vapor que solta chama muito atenção. Comecei a querer experimentar", relata. "Sou super habituada com ele, meu plano é de encontrar outro e ir aumentando os meus vapes", conta. Ela pontua que não tem vontade de fumar o cigarro comum e que o cigarro eletrônico não causou dependência, podendo passar dias sem vaporar sem problemas.

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