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Sem medo de dizer "sim" doação de órgãos
Ciência e Saúde

Sem medo de dizer "sim" doação de órgãos

|FAMÍLIA | Falar para os familiares sobre o desejo de ser um doador é a melhor forma de garantir que vidas sejam salvas
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DEIZIANE, 29, já comunicou à família seu desejo de doar. Decisão aconteceu depois de ver pessoas doando e recebendo órgãos  (Foto: Deísa Garcêz/Especial para O Povo)
Foto: Deísa Garcêz/Especial para O Povo DEIZIANE, 29, já comunicou à família seu desejo de doar. Decisão aconteceu depois de ver pessoas doando e recebendo órgãos

De acordo com profissionais que trabalham diariamente com doação de transplantes de órgãos, se o potencial doador já tiver expressado em vida sua vontade de doar, a taxa de negativa cairia para até 0%. Para a fisioterapeuta Deiziane Messias Amorim, 29, é de extrema importância em reuniões familiares deixar claro o desejo de ser doador. "Comunicar para que eles estejam preparados e cientes caso algo aconteça", afirma.

A vontade foi despertada durante trabalho na área hospitalar, onde pôde acompanhar pacientes que aguardavam por algum órgão. "Também pude acompanhar muitas famílias que fizeram valer o desejo de seus entes queridos de doar seus órgãos. Vi a importância que tem esse gesto", comenta. Na sua família, Deiziane conta que há aprovação sobre sua decisão, mas há quem não queira nem tocar no assunto, por achar a "conversa mórbida".

É falta de informação, destaca a fisioterapeuta. Acrescentando que já ouviu pessoas dizerem, por exemplo, que não são doadoras porque têm medo de não serem bem atendidas nas emergências porque a intenção dos médicos é de retirarem seus órgãos. "Outras acham que o corpo não fica 'bonito' para o sepultamento. É importante saber que a doação só é realizada após a morte encefálica e que precisa da autorização da família", acrescenta.

Luana Rocha de Oliveira, 27, já havia ouvido falar em doação. O pai foi receptor de córnea. Mas foi quando perdeu a filha Geovana, de 3,9 anos, em um acidente na garagem da casa dos pais, que ela encontrou forças para superar a dor e ajudar a quem precisava. "A médica falava para o meu pai o que tinha acontecido e ele parecia que não entendia. Foi quando eu interrompi e perguntei como fazia para doar os órgãos dela que ele percebeu que a neta tinha falecido", conta.

Junto da equipe que formava a Comissão Intra-Hospitalar de Doação de órgãos e Tecidos para Transplante (Cihdott) do IJF, ela conseguiu fazer o que julgava necessário. "Era como se fosse uma missão de vida para ela. Foi isso que tocou meu coração. Menos de um mês depois eu voltei para um evento no hospital e encontrei a mãe de um amigo, que tinha sofrido um acidente e morrido. Ela falou que ele tinha informado que, caso acontecesse algo um dia, queria ser doador. E que tinha tomado essa decisão porque soube da minha decisão", relata. As duas córneas e os dois rins da pequena foram levados para quatro crianças.

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