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Outubro: o bercário de estrelas e as oriônidas
Ciência e Saúde

Outubro: o bercário de estrelas e as oriônidas

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C aros amigos leitores da nossa coluna Visões do Cosmos, o mês de outubro nos traz algumas atrações celestes ideais para observação a olho nu e também com binóculos e telescópios, são elas: a Chuva de Meteoros Oriônidas e a fascinante nebulosa do Órion, um "berçário" de estrelas que permanecerá, por alguns meses, visível no céu noturno.

Chuvas de meteoros ocorrem quando a Terra, na sua trajetória ao redor do Sol, atravessa uma região do céu onde se encontra um amontoado de pedras e rochas. No caso das Oriônidas, são detritos deixados pelo cometa Halley quando da sua última passagem pelo Periélio (posição da trajetória mais perto do Sol). Ao passar por essa área do céu, a atmosfera terrestre se choca com esse amontoado de pedras gerando atrito e, consequentemente, muito calor, o que provoca a queima das pedras e rochas. O efeito disso são rastros de luz no céu, conhecidos popularmente como "estrelas cadentes".

E como surgem essas pedras?

Os cometas são rochas cobertas de poeira e gelo e foram formados ainda na origem do Sistema Solar. São constituídos de três partes: Núcleo, formado por rochas, gelo, poeira e gases congelados como amônia, metano, dióxido de carbono e outros; Cabeleira (ou Coma) - a medida que um cometa se aproxima do Sol, a pressão do vento solar e a radiação solar exercidas sobre o cometa aumentam gradativamente e isso faz com que os gases congelados no interior do núcleo e poeira na superfície da rocha sejam ejetados para o espaço, formando uma enorme nuvem em torno do cometa que chamamos de Coma; e Calda - a pressão da radiação e o vento solar exercida na coma provocam o surgimento de uma ou duas caldas, sendo uma gasosa e outra de poeira, sempre opostas ao Sol.

O nome Oriônidas é devido a uma coincidência geométrica na trajetória da Terra em torno do Sol. É que nessa época do ano, esse amontoado de pedras deixadas pelo cometa Halley se localiza em frente à constelação do Órion com relação ao observador na Terra, chamado de "Centro do Radiante". Essa chuva de meteoros ocorre entre os dias 15 e 23 de outubro e o pico máximo acontece por volta da meia noite do dia 21 e madrugada do dia 22, onde pode-se observar até cerca de 20 meteoros por hora.

Como Órion é uma constelação equatorial, a chuva de meteoros Oriônidas pode ser vista em todas as regiões do Brasil, basta ter céu limpo e não precisa de telescópios ou binóculos.

A constelação do Órion é uma das mais ricas constelações do céu noturno em termos de objetos a se observar. Nela, se localiza a belíssima nebulosa do Órion, a M42 (Messier 42), que trata-se de um berçário de estrelas que pode ser observada até com pequenos binóculos.

Na mitologia existem várias lendas associadas a essa constelação. Uma delas encontra-se descrita no livro No Mundo da Estelândia (Editora do Brasil, 1968, pág. 69), de Rubens de Azevedo.

" Na Grécia antiga, Órion era um jovem caçador que se apaixonou por Mérope, filha do rei Enopião, soberano de uma ilha do Mediterrâneo. O rei não via com bons olhos o romance e, aproveitando-se da boa vontade do jovem, pediu-lhe que livrasse a ilha de umas feras que a devastavam. Órion matou todas as feras e, ao voltar, pediu a Enopião a mão da princesa. O Rei deu calado como resposta e o jovem resolveu raptar a moça. Foi, porém, capturado e Enopião mandou furar-lhe os olhos e soltá-lo numa praia deserta. Órion era filho de Posseidon (Netuno), o deus das águas. Encontrando na praia um ciclope (ser fabuloso de forma humana, mas com um só olho), esse o levou para o leste, onde nascia o Sol. Quando os primeiros raios do Sol atingiram as pálpebras do jovem, ele recuperou a visão. E dirigindo-se para a companhia do pai, no oceano não mais voltou à Terra."

 

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