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Impactos são diferentes entre meninas e meninos
Ciência e Saúde

Impactos são diferentes entre meninas e meninos

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A principal consequência da puberdade precoce, apontada pelas especialistas entrevistadas pelo O POVO, está relacionada à altura das crianças. Elas crescem rapidamente; aos sete ou oito anos, são as mais altas da turma. Ao mesmo tempo, também deixam de crescer mais rápido e acabam não atingindo a altura esperada para a juventude e para a fase adulta.

Entretanto, os impactos vão muito além e são diferentes para meninas e meninos. "Alguns estudos demonstram que, no caso das meninas, quanto mais precoce a puberdade, mais difícil para elas lidarem com isso", conta Maria Tereza Dias, do Ambulatório do Adolescente da Meac. "A sociedade aceita melhor o menino que entra mais precocemente na puberdade. Vê um rapazinho que está se desenvolvendo e não costuma olhar com maus olhos."

Inessa Maia, hoje tem 20 anos, mas aos seis descobriu ter puberdade precoce e, mesmo com o tratamento, menstruou aos dez. Foi a primeira entre suas amigas a ter que usar sutiãs e absorventes. "Eu sentia muita vergonha de ter que usar absorvente e andar com ele na bolsa quando nenhuma das minhas amigas tinham essa preocupação. Também tinha muita vergonha de ter pelos tão cedo", relata a estudante de ciências biológicas da Universidade Federal do Ceará (UFC).

Na época, a jovem desenvolveu sobrepeso o que a impactou de forma "extremamente negativa". "Eu acabei criando estria, outra coisa que influenciou muito na minha autoestima. Era na perna e no bumbum, então eu não usava short de jeito nenhum nem calcinha de biquíni, porque eu tinha muita vergonha. Tudo isso eu atribuo ao fato de eu ter tido puberdade precoce."

Para Maria Tereza, "isso se explica até pelo tipo de sociedade em que a gente vive". Enquanto o menino com puberdade precoce está alcançando o lugar positivo de ser homem, com os genitais crescendo e os pelos surgindo, a menina com essa mesma alteração é alvo de olhares maldosos e julgamentos "como se ela tivesse culpa". A especialista alerta ainda que as meninas que entram precocemente na puberdade estão "mais sujeitas a alterações psicológicas e também à violência e a casos de gravidez precoce por iniciar a vida sexual mais precocemente". (Marcela Tosi/ Especial para O POVO)

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