Há pouco mais de um século e meio, a primeira menstruação chegava por volta dos 16 anos. A média etária caiu com o passar do tempo e, hoje, está na faixa dos 12 anos. A partir dos dez anos já se considera normal que a menarca venha. A endocrinologista pediátrica Lia Beatriz Azevedo explica que o maior contato com substâncias capazes de estimular a produção hormonal e o aumento da prevalência de sobrepeso e obesidade infantis são aspectos que influenciam nessa diminuição de idade para a chegada da puberdade.
"Já existem estudos comprovando a associação entre a exposição excessiva a agrotóxicos e o desenvolvimento puberal antecipado, inclusive um deles foi feito em uma população do interior do Ceará", relata. O bisfenol A (BPA) é um dos químicos relacionados e, há oito anos, o Brasil proibiu sua presença em mamadeiras. Entretanto, brinquedos, mordedores, copos e potes com essa substância ainda são comercializados.
Os parabenos, presentes em cosméticos e produtos de higiene pessoal, também são desreguladores endócrinos e, por isso, crianças devem usar apenas aqueles voltados para sua idade. Lia ressalta que "a soja também está associada com antecipação puberal, mas são necessárias grandes quantidades desse alimento para gerar efeitos no organismo".
Segundo a médica, para se evitar a puberdade precoce, a alimentação deve ser a mais natural possível, evitando alimentos ultraprocessados, ricos em agrotóxicos e excesso de gorduras e açúcares. Estes cuidados previnem o contato com agrotóxicos e o desenvolvimento da obesidade infantil. Evitar cosméticos que contenham parabenos e utensílios que contenham BPA são outras recomendações. Aquelas crianças que já têm puberdade precoce diagnosticada são aconselhadas a não consumir alimentos à base de soja.
"Além disso, crianças com história familiar de puberdade precoce, nascidas pequenas para idade gestacional, obesas ou com problemas neurológicos devem ser cuidadosamente monitoradas pelos pais e pediatras", alerta Lia. Esse grupo está mais suscetível a puberdade antes do tempo e a observação dos sinais propicia iniciar tratamento com maior rapidez e evitar complicações. (Marcela Tosi/ Especial para O POVO)