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Impressão 3D X bioimpressão 3D
Ciência e Saúde

Impressão 3D X bioimpressão 3D

Patricia Pranke, chefe do Laboratório de Hematologia e Células-tronco da Faculdade de Farmácia da UFRGS, distingue a diferença da bioimpressão 3D da impressão 3D
Edição Impressa
Tipo Notícia

Na tentativa de criar em laboratório órgãos humanos funcionais, pesquisadores em todo o mundo trabalham técnicas diversas de bioengenharia de tecidos.

Para entender essas técnicas, Patricia Pranke, professora e chefe do Laboratório de Hematologia e Células-tronco da Faculdade de Farmácia da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), distingue primeiro a diferença da bioimpressão 3D - uma das técnicas da bioengenharia - da impressão 3D. "A impressão, que inicialmente surgiu, é como se fosse a construção de um edifício, com várias camadas ou andares, mas sem pessoas dentro. Na bioimpressão 3D, você constrói esse edifício com pessoas dentro. Todo tecido e órgão é formado por uma camada plana de células, são várias camadas de células e outras estruturas que dão sustentação aquele tecido", detalha.

A pesquisadora, que também é membro do Conselho da Sociedade Internacional de Engenharia de Tecidos e Células-tronco (no inglês, Termis), explica que um exemplo de impressão 3D são ossos, "que precisa de algo para dar uma sustentação, mas não tem células na hora de construir". Conforme Patrícia, o segredo para construir os moldes para a bioimpressão 3D é usar uma biotinta - material biológico que simula a natureza orgânica dos tecidos onde as células sanguíneas do paciente vão estar dispersas - adequada.

"A biotinta é como se fosse uma impressão, que é a base, e, em vez de só ir para horizontal e vertical, ela dá volume. A biotinta faz o constructo, esse arcabouço, esse molde, mas tem que ter células. Então, o segredo é escolher a biotinta. Nós fabricamos a biotinta e testamos com as células para ver quais são as mais adequadas para fazer essa bioimpressão, esse molde", destaca.

O objetivo do trabalho de Patrícia é um substituto cutâneo. "Ou seja, vamos fazer algo que substitua uma pele para ajudar pacientes queimados ou lesões cutâneas". Ela explica que o Laboratório de Hematologia e Células-tronco da Faculdade de Farmácia começou na área de engenharia de tecidos e da medicina regenerativa com nanotecnologia. Agora, além da nanotecnologia, os pesquisadores estudam impressão 3D e a bioimpressão 3D.

Conforme a pesquisadora, não existe uma técnica adequada para todos os órgãos. "A bioimpressão 3D é uma tecnologia recente, ainda está sendo testada em laboratório. Mas obviamente a ideia é conseguir um material que possa sim ser usado em humanos, para isso estudamos a engenharia de tecidos e a medicina regenerativa", acrescenta.

 

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