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Medicina atravessada por aprendizados tradicionais
Ciência e Saúde

Medicina atravessada por aprendizados tradicionais

As PICS vêm sendo debatidas desde pelo menos os anos 1970 e são atravessadas por conhecimentos ancestrais
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Rossana Schiarantolla, massoterapeuta e reikiana (Foto: Sandro Valentim)
Foto: Sandro Valentim Rossana Schiarantolla, massoterapeuta e reikiana

O que é saúde? Para alguns é ausência de doenças, para outros trata-se do bem-estar físico, mental, social e espiritual. É por esse prisma holístico que as medicinas integrativas buscam implementar práticas que vão além de exames ambulatoriais, medicamentos alopáticos e internações hospitalares. Denominadas pela Organização Mundial de Saúde (OMS) como Medicinas Tradicionais, Complementares e Integrativas, elas estão reconhecidas no Brasil desde 2006 como Práticas Integrativas e Complementares em Saúde (PICS).

Entretanto, a saúde vista de um modo mais amplo em que a pessoa está no centro, não a doença nem o médico, é milenar e tem pelo menos 50 anos no Ocidente. "Na década de 1970, com o movimento da contracultura, surgiu nos Estados Unidos a então chamada medicina alternativa", conta Paola Tôrres, coordenadora do Núcleo de Medicina Integrativa (Numi) da Universidade Federal do Ceará (UFC). "Práticas como acupuntura e homeopatia começaram a se colocar contra o que estava hegemônico na época. Na medida em que esse movimento foi ganhando força, médicos passaram a se interessar em fazer pesquisa para entender quais práticas eram efetivas." Assim surge em vários pontos do mundo um modo de cuidado integral que não tentava ser a alternativa, mas complementar ao tratamento médico convencional.

Paola é hematologista, tratando pessoas com câncer, e explica que ao mesmo tempo que usa radioterapia e a quimioterapia, também trabalha com terapeutas e indica recursos como a ayurveda, a fitoterapia e a ioga. "Isso porque existem pesquisas mostrando que, para o câncer, as práticas integrativas aumentam a sobrevida do paciente e tratam muito melhor a dor crônica e com muito menos efeito colateral do que os medicamentos que existem no mercado", explica.

"A nossa medicina ocidental trilhou um caminho de buscar a especialização máxima dos profissionais e o profissional menos valorizado se tornou o clínico geral, apesar de ser ele quem tem a visão da saúde. Quando a gente fala da prática médica integrativa, a gente está falando exatamente de voltar um pouquinho para essa situação muito mais próxima do clínico geral do que do especialista", opina Marcelo Maranhão, que é nutrólogo e adota tratamentos integrativos com seus pacientes.

Marcelo começou a estudar práticas integrativas há oito anos e conta que "era bem difícil encontrar médicos nas formações em PICS". "Hoje eu conheço uma série de profissionais médicos que estão estudando reiki, auriculopuntura, terapia comunitária, independente da especialidade médica. A visão da comunidade de saúde tem se ampliado e a tendência é isso cada vez mais presente no dia a dia das pessoas." Atualmente mais de mil pesquisadores formam o Consórcio Acadêmico Brasileiro de Saúde Integrativa. Em 2019, Fortaleza recebeu o 1º Encontro Estadual de Práticas Integrativas e Complementares.

Entretanto, as práticas holísticas de saúde existem antes e além deste universo da Medicina ocidental. "Elas são práticas de cuidado e atenção das diversas medicinas, são o encontro dos mestres da ciência popular com os mestres da ciência moderna trazendo o sentido da integralidade do cuidado", define Maria Rocineide Ferreira da Silva, professora de pós-graduação nos Programas de Saúde Coletiva da Universidade Estadual do Ceará (Uece).

"A política de práticas complementares e integrativas é um avanço e, aqui no Ceará, a gente tem um diferencial que é unir a política de educação popular e a política de práticas complementares", relata. Ela lembra que "há muitos anos, no Maranguape, houve um movimento de trazer as rezadeiras para dentro dos postos de saúde porque se identificou que as mulheres ouviam muito mais as rezadeiras e elas foram essa ligação para entender corpo, mente e espírito."

Rocineide percebe que as medicinas ancestrais abrigam uma diversidade de linguagens e de saberes. "Durante muito tempo, médicos não quiseram assumir a prática da acupuntura e fomos aplicando, fazendo pesquisas, vendo que ela realmente responde. Agora a gente vê acupuntura por todo lugar", argumenta.

A enfermeira é também coordenadora do Espaço Ekobé, um espaço de cuidado e de formação na Uece aberto à comunidade, aos estudantes da universidade e às pessoas encaminhadas de serviços de saúde, principalmente dos Centro de Atenção Psicossocial (CAPS), que vão para complementar seus tratamentos. "Ekobé significa vida e a vida precisa dessa racionalidade integral; entender que em determinadas situações os antibióticos, por exemplo, são a ferramenta complementar em relação a uma prática colocada como PICS."

 

Como as PICS chegam às unidades de saúde

A Política Nacional de Práticas Integrativas e Complementares (PNPIC) é o documento que chancela e orienta a adesão às terapias integrativas na saúde pública. Entretanto, a política não traz um planejamento de implementação e deixa a cargo das gestões estaduais e municipais. Nesse cenário, a Secretaria da Saúde do Ceará (Sesa) é responsável por fomentar e orientar a implantação das PICS no atendimento público e as pastas municipais são as que decidem quando e de que forma haverá a adesão local.

Para a coordenadora do Núcleo de Medicina Integrativa (Numi) da Universidade Federal do Ceará (UFC), Paola Tôrres, "no Ceará, as PICS ainda são muito tímidas dentro da atenção básica". "Não existe uma política efetiva de implementação nem terapeutas especializados acompanhando os médicos ou mesmo nas unidades básicas de saúde", explica. Vera Dantas, médica da família no posto de saúde Alarico Leite, no bairro Passaré, tem uma visão parecida. "Fortaleza incorpora algumas dessas práticas, mas muito mais a partir da existência de profissionais que fizeram formação em práticas integrativas e que vão incorporando no cotidiano", conta.

Na Capital, a responsabilidade pelos atendimentos de atenção primária é da Secretaria Municipal de Saúde (SMS), que desde 2006 vem integrando a visão holística da saúde ao longo de toda a rede básica. "Nossa política não é a de que sejam realizados atendimentos ambulatoriais nos postos de saúde. Então não é possível buscar ou marcar um atendimento de acupuntura, por exemplo, como é para uma consulta com cardiologista", explica Rui de Gouveia, coordenador de Redes de Atenção Primária e Psicossocial (Corapp).

Atualmente, Fortaleza conta com duas frentes de adesão às PICS. A primeira delas é o incentivo à formação dos profissionais nas terapias complementares e à consequente prática dessas nas unidades de saúde. "Isso se deve a uma visão de otimizar o bem público. Precisamos atender ao requisito mais básico de ter as especialidades básicas necessárias e, a partir de profissionais já contratados, trazer o integrativo", argumenta Rui.

Nesse aspecto, Vera percebe que "esse fluxo nas unidades de saúde ainda não é muito sistematizado e acaba sendo uma coisa que cada unidade vai organizando". Toda semana, ela utiliza um dos seus turnos para trazer a constelação familiar e a massagem do som para o posto de saúde. Vera também integra o setor de educação permanente da Secretaria de Saúde municipal e conta que um mapeamento realizado entre 2017 e 2018 contabilizou 45 unidades da atenção primária com alguma prática integrativa e 11 práticas sendo aplicadas na Cidade. "Esses números provavelmente já são outros porque depende do profissional. Às vezes ele muda de lugar e essa prática vai com ele."

Outra estratégia adotada pela SMS é estabelecer contratos de serviços com instituições que se especializaram nas PICS. O titular da Corapp conta que gradativamente vão sendo escolhidas entidades capazes de atender em cada uma das regionais. "Fazemos a contratação formal e então elas se comprometem a realizar uma quantidade mensal de sessões de determinadas terapias e nós encaminhamos os pacientes", explica.

Segundo publicação do Ministério da Saúde, 125 municípios cearenses utilizam alguma prática integrativa no tratamento de pacientes do SUS. O levantamento indica que, em 2017, o Estado registrou mais de 32 mil atendimentos individuais. Segundo a assessora técnica da atenção primária da Sesa, Ercelina Cavalcante, a previsão para 2020 é que o estímulo seja intensificado. 

 

Onde encontrar práticas integrativas em Fortaleza

Além das clínicas particulares de terapias integradas e de consultas com médicos que praticam a medicina integrativa como abordagem, as práticas integrativas e complementares de saúde são oferecidas por ONGs, iniciativas comunitárias e projetos de extensão. Conheça alguns deles:

Espaço Ekobé

Localizado dentro do campus da Universidade Estadual do Ceará, o espaço foi fundado em 2005, graças a uma colaboração entre a Secretaria Municipal de Saúde, Uece e Articulação Nacional da Educação Popular em Saúde (Aneps). Oferece práticas como biodança, reiki, terapia comunitária, massoterapia, reflexologia, constelação familiar e ioga em uma programação semanal.

Gratuito.

Onde: rua Dr. Justa Araújo, 1203 - Itaperi

Informações: Instagram
@ekobe_uece

Movimento de Saúde Mental Comunitária do Bom Jardim 

A partir da Abordagem Sistêmica Comunitária, desenvolvida desde 1996, o Movimento desenvolve atividades no campo socioterapêutico. Oferece grupos de terapia, atendimentos individuais, cursos de formação profissional e diversos outros projetos para a comunidade.

Gratuito.

Onde: rua Dr. Fernando Augusto, 609 - Parque Santo Amaro

Informações:(85) 3497-0892 / (85) 99174-2860

Projeto 4 Varas

Movimento Integrado de Saúde Mental Comunitária (MISMEC) 4 Varas é uma entidade civil sem fins lucrativos, de caráter filantrópico e base comunitária. Há 33 anos desenvolve um trabalho na área de prevenção e da saúde comunitária. É apoiado pela Universidade Federal do Ceará e pela Prefeitura.

Gratuito.

Onde: avenida José Roberto Sáles, 44 - Barra do Ceará

Informações: (85) 98614 2873

Oca da Saúde Comunitária

Coordenada pela terapeuta comunitária Fátima de Castro Lima, a Oca oferece desde 2008 práticas como sessões de reiki e massoterapia, além de atividades dos grupos de terapia comunitária e autoestima.

Gratuito.

Onde: rua Trezentos e Quinze, 80 - Conjunto São Cristovão, Jangurussu (ao lado da UAPS Francisco Melo Jaborandi)

Informações: (85) 98873 1328

Horto de Plantas Medicinais

A iniciativa foi concebida como um projeto de extensão da Universidade Federal do Ceará (UFC), em 1983, pelo professor Francisco José de Abreu Matos. Em 1977, o projeto foi integrado ao SUS e oficializado como Programa Farmácia Viva. Além ações formativas, oferece práticas como fitoterapia, aromaterapia, acupuntura e reiki.

Gratuito.

Onde: avenida Mister Hull, s/n,bloco 941 - Pici

Informações: https://www.facebook.com/farmaciavivaufc/

Mundo Akar

A clínica de medicina integrativa atende com diversas especialidades médicas e de práticas integrativas. Todas as terça-feiras, das 18h às 21h, realiza atendimentos populares com terapias que se alternam semanalmente. Cada sessão individual dura 30 minutos e é realizada por R$ 30.

Onde: rua Felipe Nery, 1000 - Guararapes

Informações:(85) 3879 2444

Histórico das PICS no Brasil

No Brasil, o debate sobre as práticas integrativas e complementares começou a despontar no final de década de 1970 e validada, principalmente, em meados dos anos 1980 com a 8ª Conferência Nacional de Saúde. As PICS foram institucionalizadas no Sistema Único de Saúde (SUS) em 2006, por meio da Política Nacional de Práticas Integrativas e Complementares (PNPIC). Na época havia a previsão de apenas cinco procedimentos: acupuntura, homeopatia, fitoterapia, antroposofia e termalismo.

Em 2017, foram incluídas 14 práticas e no ano seguinte somaram-se outras dez. Assim, desde março de 2018, os pacientes do SUS contam com 29 práticas reconhecidas pelo Ministério da Saúde (ver quadro). Entretanto, questionada pelo O POVO sobre a presença das PICS no Brasil, a Pasta informa que "atualmente, as práticas integrativas incorporadas no Sistema Único de Saúde (SUS) passam por revisão técnica".

Serão mantidas na lista dos serviços ofertados "as práticas que obtiverem evidências científicas sólidas de efetividade comprovada para a prevenção de doenças e, também, como tratamento complementar à medicina tradicional para uma série de agravos".

 

Quais são as Práticas Integrativas e Complementares na Saúde?

Apiterapia | Utilizada por gregos, chineses e egípcios desde a antiguidade, consiste em usar produtos derivados de abelhas – como mel, pólen, geleia real e própolis – para promoção da saúde e fins terapêuticos.

Aromaterapia | Utiliza as propriedades dos óleos essenciais, extraídos de vegetais, para recuperar o equilíbrio e a harmonia do organismo visando a saúde física e mental, o bem-estar e a higiene. Pode ser associada a outras práticas a fim de potencializá-las.

Arteterapia | Arte livre conectada a um processo terapêutico, pode ser explorada com foco no processo criativo e como recurso terapêutico. Utiliza pintura, colagem, poesia, dança, fotografia, tecelagem, teatro, músicas etc em processos individuais ou de grupo.

Ayurveda | Entende que o corpo humano é composto por cinco elementos – éter, ar, fogo, água e terra –, que, em desequilíbrio, podem induzir o surgimento de doenças. O diagnóstico considera tecidos corporais afetados, humores, local da doença, rotina diária, hábitos alimentares, condição de digestão, detalhes pessoais, situação econômica e ambiental da pessoa. Os tratamentos utilizam técnicas de relaxamento, massagens, plantas medicinais, minerais, posturas corporais, técnicas respiratórias, exercícios e cuidados dietéticos.

Biodança | Trabalha a coordenação e o equilíbrio físico e emocional por meio dos movimentos da dança a fim de induzir experiências de integração, aumentar a resistência ao estresse, promover a renovação orgânica e melhorar a comunicação e o relacionamento interpessoal.

Bioenergética | Intervem no conteúdo emocional por meio da verbalização, da educação corporal e da respiração, utilizando exercícios direcionados a liberar as tensões do corpo e facilitar a expressão dos sentimentos.

Constelação familiar | Desenvolvida nos anos 80 pelo psicoterapeuta alemão Bert Hellinger, defende a existência de um inconsciente familiar – além do inconsciente individual e do inconsciente coletivo – atuando em cada membro de uma família. É uma terapia breve que pode ser feita em grupo, durante workshops, ou em atendimentos individuais, abordando um tema a cada encontro.

Cromoterapia | Utiliza as cores do espectro solar para restaurar o equilíbrio físico e energético do corpo. As cores são classificadas em quentes (luminosas, com vibrações estimulantes – vermelho, laranja e amarelo) e frias (mais escuras, com vibrações sutis – verde, azul, anil e violeta).

Dança circular | Realizada em grupos, utiliza a dança de roda, o canto e o ritmo para favorecer a aprendizagem e a interconexão harmoniosa e promover a integração humana, o auxílio mútuo e a igualdade visando o bem-estar físico, mental, emocional e social.

Fitoterapia | Caracterizada pelo uso de plantas medicinais em suas diferentes formas farmacêuticas, sem a utilização de substâncias ativas isoladas, ainda que de origem vegetal. Voltada para a promoção, proteção e recuperação da saúde.

Geoterapia | Consiste na utilização de argila, barro, lamas medicinais, pedras e cristais, para cuidar de desequilíbrios físicos e emocionais por meio dos diferentes tipos de energia e propriedades químicas desses elementos.

Hipnoterapia | Conjunto de técnicas que, por meio de intenso relaxamento, concentração e foco, induz a pessoa a alcançar um estado de consciência aumentado que permita alterar comportamentos indesejados. Pode favorecer o autoconhecimento.

Homeopatia | De caráter holístico e vitalista, envolve tratamentos com base em sintomas específicos e utiliza substâncias altamente diluídas que buscam desencadear o sistema de cura natural do corpo. Os medicamentos homeopáticos estão incluídos na Relação Nacional de Medicamentos Essenciais (Rename).

Imposição de mãos | Implica um esforço meditativo para a transferência de energia vital (Qi, prana) por meio das mãos com intuito de reestabelecer o equilíbrio do campo energético humano, auxiliando no processo saúde-doença.

Ioga | Prática oriental utilizada para controlar corpo e mente, associada à meditação. Entre os principais benefícios estão redução do estresse, regulação do sistema nervoso e respiratório, equilíbrio do sono, fortalecimento do sistema imunológico, aumento da capacidade de concentração e de criatividade.

Medicina antroposófica | Fundamenta-se em um entendimento espiritual-científico do ser humano que considera bem-estar e doença como eventos ligados ao corpo, mente e espírito do indivíduo. Conciliando medicamentos e terapias convencionais com outros específicos de sua abordagem, como aplicações externas, banhos terapêuticos e quirofonética.

Medicina tradicional chinesa | Apoia-se na teoria do yin-yang e na teoria dos cinco para avaliar o estado energético e orgânico do indivíduo. Utiliza como procedimentos diagnósticos palpação do pulso, inspeção da língua e da face, etc; e, como procedimentos terapêuticos acupuntura, ventosaterapia, plantas medicinais, entre outros.

Meditação | Prática mental individual, consiste em treinar a focalização da atenção, a diminuição do pensamento repetitivo e a reorientação cognitiva, promovendo alterações favoráveis no humor e melhora no desempenho cognitivo, além de proporcionar maior integração entre mente, corpo e mundo exterior.

Musicoterapia | Utiliza som, ritmo, melodia e harmonia a fim de atender necessidades físicas, emocionais, mentais, espirituais, sociais e cognitivas do indivíduo ou do grupo.

Naturopatia | Prática terapêutica que adota visão ampliada e multidimensional do processo vida-saúde-doença e utiliza um conjunto de métodos e recursos naturais no cuidado e na atenção à saúde.

Osteopatia | Utiliza técnicas manuais para auxiliar no tratamento de doenças, entre elas a manipulação do sistema ossos, músculos e articulações; o stretching; e os tratamentos para a disfunção da articulação temporo-mandibular (ATM).

Ozonioterapia | É a aplicação de uma mistura dos gases oxigênio e ozônio, que representa um estímulo para a melhora natural do organismo. Alguns setores de saúde adotam regularmente esta prática em seus protocolos de atendimento, como a odontologia, a neurologia e a oncologia.

Quiropraxia | Enfatiza o tratamento manual, que conduz ajustes na coluna vertebral e outras partes do corpo, visando a correção de problemas posturais e o alívio da dor e favorecendo a capacidade natural do organismo de auto cura.

Reflexologia | Parte do princípio que o corpo se encontra atravessado por meridianos que o dividem em diferentes regiões, as quais têm o seu reflexo, principalmente nos pés ou nas mãos, e permitem, quando massageados, a reativação do equilíbrio nas regiões com algum tipo de bloqueio.

Reiki | Busca fortalecer os locais onde se encontram bloqueios – “nós energéticos” – eliminando as toxinas, equilibrando o pleno funcionamento celular, e restabelecendo o fluxo de energia vital. Inclui dimensões da consciência, do corpo e das emoções.

Shantala | Massagem para bebês e crianças feita pelos pais, é composta por uma série de movimentos que favorecem o vínculo entre estes. Equilibra os sistemas imunológico, respiratório, digestivo, circulatório e linfático; estimula as articulações e a musculatura; auxilia significativamente o desenvolvimento motor; etc.

Terapia comunitária integrativa | Baseia-se no compartilhamento de experiências em grupos. Auxilia na construção de laços sociais, apoio emocional, troca de experiências e diminuição do isolamento social.

Terapia de florais | Utiliza essências derivadas de flores para atuar nos estados mentais e emocionais. O inglês Edward Bach é o precursor desta prática, mas existem diversos sistemas de florais: australianos, californianos, de Minas, do cerrado, etc.

Termalismo | Consiste no uso da água com propriedades físicas, térmicas, radioativas e outras como agente em tratamentos de saúde. A eficiência está associada à composição química da água, à forma de aplicação e à sua temperatura.

Fonte: Ministério da Saúde 

Práticas transformam quem é cuidado e quem cuida

Um momento de mudanças de vida e o término de uma longa relação amorosa podem trazer grandes desafios. Foi o que aconteceu com a dentista e estudante de medicina Jordana Barreto. "Passei anos tomando remédios para dormir, para ansiedade, para crise de pânico que eu comecei a ter", relembra. A mudança veio há pouco mais de sete meses quando uma amiga marcou uma consulta em uma clínica de terapias integrativas e Jordana conheceu reiki, massoterapia e constelação familiar. "A partir do primeiro momento foi uma mudança muito rápida na minha vida, com um mês eu estava muito bem e com dois meses eu estava melhor ainda e já queria participar dos cursos de formação em reiki", conta animada.

Para ela, as terapias ajudam a entender o que está sentindo e a se conectar com o mundo. "As pessoas estão buscando cada vez mais porque tem um entendimento maior de que a saúde física precisa da saúde mental e, ao mesmo tempo, vivemos em um mundo muito ansioso. As pessoas estão querendo desacelerar e sentir a vida", opina. Além de benefícios pessoais, trouxe benefícios coletivos. Hoje ela também cuida de outras pessoas por meio do reiki.

A clínica que Jordana frequenta foi criada pela administradora e psicóloga Emanuela Gomes depois de um período depressivo. "Passei quase dois anos sem nenhuma melhora, mesmo me tratando com psicoterapia e recursos psiquiátricos. Um dia, na onda do desespero mesmo, conheci a constelação familiar, que foi muito reveladora para mim. Com isso fui me abrindo para outras terapias", conta.

Em meio a essas descobertas, Emanuela decidiu cursar psicologia e foi percebendo que "mesmo as abordagens psicológicas não dão conta do todo do ser humano". "A gente precisa de uma gama de opções, o tradicional e o integrativo precisam conversar." 

A terapeuta em reiki Rossana Schiarantolla já foi professora de administração e chef de cozinha antes de se dedicar à massoterapia. "Sempre tive um talento nas mãos e uma dedicação ao cuidado de crianças, familiares e vizinhos, mas foi só em 2010 que conheci o reiki", conta. Desde então, o dom percebido por sua avó guia os atendimentos a pacientes e de outros terapeutas.

 

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