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O autoconhecimento leva à construção de uma melhor relação com o outro
Ciência e Saúde

O autoconhecimento leva à construção de uma melhor relação com o outro

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O sexo é considerado essencial para ambos os gêneros, mas cerca de 55% das mulheres têm dificuldade para chegar ao orgasmo por não se masturbarem, não saberem como se excitar ou por sentirem dor na relação. O dado é da pesquisa Mosaico 2.0 do Projeto Sexualidade (ProSex) da Universidade de São Paulo (USP).

Liderado pela sexóloga Carmina Abdo e divulgado em 2016, o estudo aponta ainda que as dificuldades sexuais exercem um duplo impacto para a vida cotidiana. Se por um lado esse problema afeta o amor próprio para mais de um quarto dos homens (25,8%) e das mulheres (25,9%), um pouco mais de um quinto deles (22,4% dos homens e 21,8% das mulheres) afirma que a situação interfere também no relacionamento com o parceiro.

“No seguimento de mulheres com queixas sexuais, o processo de autoconhecimento se torna fundamental, tanto na abordagem de dificuldades relacionadas à diminuição do desejo sexual, aos quadros de dor sexual e à ausência de orgasmo”, afirma a ginecologista e sexóloga Débora Britto. “Uma mulher que se conhece não apenas pode ampliar as suas próprias sensações de prazer, como pode contribuir para mais prazer e satisfação em uma parceria. Ampliam-se os sentimentos e as sensações positivas vivenciadas no encontro sexual.”

Já a psicanalista Carolina Leão lembra que “esse é um ponto que tem a ver com a história de cada uma, mas as normativas da cultura também incidem sobre nosso corpo”. Estas questões estão assim ligadas a “uma certa forma que é difundida do que é ser mulher na nossa cultura”, com “os pontos de visibilidade e silenciamento” e com idealizações sobre como a mulher deveria responder sexualmente.

A realidade se reflete na pesquisa "O que significa sexo para as mulheres", realizada online pelo núcleo de sexualidade positiva Prazerela e divulgada em 2018. Entre as respondentes, 74% disseram ter orgasmos sempre que se masturbam, enquanto apenas 36% têm orgasmos frequentes nas relações sexuais.O estudo também apontou que as mulheres ainda se sentem pressionadas a chegar ao orgasmo durante a penetração - mesmo que a maneira não seja a que mais as levam a ele: as três principais formas de sentir prazer elencadas por elas foram, nesta ordem, sexo oral, toques no clitóris e masturbação solo.

“Uma coisa é a mulher inventar sua própria sexualidade e seu saber sobre o próprio corpo na relação que ela estabelece com ela mesma, outra coisa é quando essa invenção passa por um parceiro ou parceira. Não são questões da mesma ordem”, pondera Carolina. “Mas essas coisas não são distintas, a relação com parceiros e parceiras também modifica a relação que se estabelece com o próprio corpo.”

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