Repórter especial e cronista do O POVO. Vencedor de mais de 40 prêmios de jornalismo, entre eles Sociedade Interamericana de Imprensa (SIP), Embratel, Vladimir Herzog e seis prêmios Esso. É também autor de teatro e de literatura infantil, com mais de dez publicações.
Quando cheguei ao jornal, em 1992, primeira vez que passei pelo O POVO, aqui estava, em máquina de escrever, Landry Pedrosa. Um repórter magro, rosto de turco e um bigode singular abaixo do nariz curvado. Era elétrico.
Sempre o vi de pano passado, papel de anotar versões na mão, uma BIC e a pressa perseverante por furos. Aquele senhor de Catarina, de uma família onde todos se parecem uns com os outros na moldura oval, se alimentava, principalmente, de notícias. Era o pão com café dele.
Só fui ser seu amigo quando, anos mais tarde, voltei ao jornal e virei repórter de rua. Depois, seu chefe de reportagem. Landry foi o último dos repórteres, no O POVO, de uma geração rodriguena na forma de colher e fazer jornalismo policial.
Em quase tudo, Landry se parecia com um personagem de Nelson.
Nasceu reporteiro nas rondas pela delegacia de Costume e Ordem Social e camburões. Eram deles os relatos das tragédias cotidianas e o testemunho de como a violência ia se moldando à Cidade que inchava desigual.
Foi ele o primeiro repórter a chegar na então mata da Chesf (Zé Walter), no avião caído que matou o general Castello Branco. Primeiro ditador da série 1964/ 1985.
Pedrosa e o fotógrafo Manoel Cunha, que teve um filme tomado pelos milicos, estiveram na história e ela se desenrolando.
Era 1967, a ditadura cívico-militar mordia os calcanhares da imprensa. Mas Cunha guardou o primeiro pedaço de filme. Uma foto história do soldado Uchôa carregando o corpo do irmão de Castello.
Seria o Esso daquele ano, mas não inscreveu. [QUOTE1] Landry, como todo repórter faminto por informação, foi engordando memória. São, meio assim, os anos para quem decide viver numa Redação. Metade e mais um pouco da vida da gente vai se entranhando nos textos, se impregnando nas máquinas e câmaras, nos computadores...
Quando damos conta, o repórter passa a ser confundido com o “ser vivo” jornal. Há um universo paralelo se movimentando no corpo de quem gosta de reportar.
Landry, aos 78 anos, se vangloriava de notícias policiais inomináveis de sua caneta. E de ter tido o prazer de “parar as máquinas” para o papel ser manchado com a história catada por ele.
A fuga do bandido galã Sílvio Pereira, um larápio de carro, deixou as solteiras e casadas de Fortaleza em “polvorosa”. Fugiu do antigo 5º Batalhão da PM, na praça José Bonifácio, e esgotou a edição com clichê vespertino.
Foram muitos crimes passionais, assassinatos inesperados de crianças, acidentes como o da Vasp, desastres de ônibus em precipícios...
O Cepinho, os rabos-de-burro, o Fernando da Gata, o Mainha, os primeiros assaltos a banco, as prisões de guerrilheiros, os estupros, a polícia como ela era, também o silêncio...
Parte da história imediata de Fortaleza passou pela máquina cata-milho de Landry. Repórter de fazer quatro, seis matérias e encher a extinta página policial.
Pois bem, escrevi este texto por pura saudade do Pedrosa e para reverenciá-lo nos 90 anos do POVO. Vou visitá-lo dia desses.
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