Escreve sobre política, seus bastidores e desdobramentos na vida do cidadão comum. Já foi repórter de Política, editor-adjunto da área, editor-executivo de Cotidiano, editor-executivo do O POVO Online e coordenador de conteúdo digital. Atualmente é editor-chefe de Política e colunista
Camilo Santana (PT) não foi ao primeiro debate da campanha no Ceará e apontou como motivo agenda oficial com a liberação de recursos do BNDES para a linha leste do metrô - importante, por certo. Não sei se havia imagem para remarcar. Não me parece que adiar em algumas horas o encontro seria motivo para o bilionário financiamento não sair.
Candidato costuma faltar a debate quando está em vantagem nas pesquisas e não quer se expor. Camilo largou com 64%. Os próximos movimentos mostrarão se a ausência de ontem foi fato isolado - motivada por compromisso inadiável - ou sintoma de uma campanha que será empurrada com a barriga.
Debate é o momento mais relevante de uma campanha. É quando o candidato aparece sem o escudo da marquetagem, onde o eleitor observa sua desenvoltura, quem tem respostas e quem precisa se escorar nos assessores. Falta a debate quem está muito na frente e só tem a perder ou quem tem fragilidades demais que podem ser expostas.
Líderes em pesquisas não gostam de se expor ao ataque de franco-atiradores. Por isso, a ausência pode até fazer sentido do ponto de vista estratégico. Mas é um desrespeito com a população.
Debate é muito importante no mundo todo. Por isso, é bem feito quando o eleitor dar um susto em quem falta.
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O que o debate trouxe de revelador
Mesmo sem o líder nas pesquisas, o debate teve momentos bem quentes. O que foi motivado, principalmente, por Ailton Lopes (Psol). Ele havia antecipado que sua estratégia seria se diferenciar dos demais opositores. Isso ele conseguiu. A dúvida é até que ponto a postura agressiva pode ampliar a rejeição, já bem alta.
General Theophilo (PSDB) e Hélio Góis (PSL) pareciam dispostos a trocar amabilidades, enquanto batiam em Camilo. Ailton não topou. Quando o General levantou a bola para criticar a aliança entre Camilo e Eunício, o candidato do Psol respondeu lembrando da aliança entre Eunício e Tasso Jereissati (PSDB). Quando viu que não haveria trégua, o General partiu para o ataque também: "Não sou político experiente. Você já está dentro dessa sujeira há muito tempo", disse a Ailton.
O General não gostou dos questionamentos sobre o PSDB. E afirmou que a licença do partido tirada por Maia Júnior, secretário de Camilo, foi exigência do candidato.
Hélio Góis tentou ao máximo explorar a imagem de Jair Bolsonaro (PSL). Falando ao público conservador, questionou se Ailton quer começar a implantar o comunismo no governo cearense.
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